Chuck D, Kurtis Blow, Doug E. Fresh, KRS-One e o primeiro ‘Sindicato do Hip Hop’

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Antes de começar a escrever sobre essa notícia pensei bastante e ainda continuo pensando, fiz um texto enorme e para não me dar dor de cabeça resolvi guardar. Em 2003 eu conversei com Preto Ghóez, que naquele momento estava articulando a criação do MHHOB, sobre uma organização nacional de quem é diretamente envolvido com a Cultura Hip Hop, seja artista ou não. A ideia era justamente uma espécie de Sindicato, era um tempo em que muitas gravadoras estavam se aproximando do Rap, grandes marcas de roupas e também de bebidas estavam usando DJs, Breaking e Graffiti em suas publicidades. Proporcionalmente era muito parecido com o que acontece hoje, infelizmente Ghóez faleceu, o MHHOB não prosperou, mas provavelmente seria um movimento onde também caberia dialogar sobra a criação desse Sindicato.

Esse ano a ideia de criar um Sindicato do Hip Hop se tornou realidade nos Estados Unidos e o mais interessante é que a ideia não partiu de artistas do underground, mas de nomes que são referência na música mundial. Chuck D, Kurtis Blow e Doug E. Fresh fundaram a The Hip Hop Alliance, entidade que tem como papel fundamental orientar, fortalecer, educar, cuidar da saúde e representar os artistas do Hip Hop e também do R&B. São várias frentes, mas as principais e que motivaram a criação da entidade, envolve as negociações de contratos, direitos autorais, aposentadoria e principalmente a saúde. Ano que vem o Hip Hop completa 50 anos, os pioneiros que estão vivos caminham para completar 70 anos e muitos não conseguiram ganhar dinheiro com a Cultura que ajudaram a construir.

Já faz tempo que o Hip Hop vem perdendo pessoas por problemas de saúde e nos últimos anos, alguns por conta da pandemia, foram muitos (Biz Markie, DMX, Gift of Gab, Bushwick Bill, DJ Kay Slay, Chi Modu, Shock G, etc.). Aqui no Brasil e acredito que em vários outros países não seja diferente, as artes da Cultura Hip Hop seguem sendo compradas pela indústria e pelo mercado. Aqui no Brasil seria ótimo que os artistas do underground se unissem em torno de uma ideia assim, já que os grandes nomes estão todos envolvidos e nas mãos de empresas de bebidas, de materiais esportivos, plataformas digitais e até de instituições financeiras. Como nenhuma dessas empresas gosta da ideia de trabalhadores se organizando, aqui no Brasil isso precisaria partir de quem está na base, da mesma forma que motoristas e entregadores de apps tem feito.

Para o lançamento da HHA as rimas do vídeo institucional ficaram por conta de KRS-One, mais um pioneiro mostrando seu compromisso, preocupação e batendo de frente com quem explora os operários e operárias da Cultura Hip Hop. Ele é o presidente do Sindicato e já abre o vídeo dizendo que estão lutando por direitos, direitos dos trabalhadores e dispara – “a indústria musical é sem coração”. Participam do vídeo mais dois pioneiros, Slick Rick e Big Daddy Kane, não dá pra dizer que não é algo sério e comprometido. Se vai dar certo só o tempo irá dizer, a indústria e suas empresas bilionárias são imundas, jogam sujo, veja o que fizeram e continuam fazendo com o Galo de Luta dos Entregadores Antifascistas.

Em ano de eleição aqui no Brasil seria um ótimo momento para pensar sobre o assunto, debater, se unir, elaborar propostas e até dialogar com partidos e candidatos. Sei que é bem difícil de acontecer por aqui, onde ainda há pessoas que comemoram o “dia do rap NACIONAL” por conta de uma lei ESTADUAL, criada por um deputado do PSDB, em uma data totalmente sem pé nem cabeça, sem nenhum significado.

Vou deixar aqui os links relacionados e aproveito pra indicar entidades que brigam com as plataformas digitais para a melhoria nas porcentagens repassadas a músicos e compositores e também por transparência nos pagamentos.

[+] Conheça a Hip Hop Alliance

Duas indicações de entidades que representam artistas e compositores, e que lutam por seus direitos junto às plataformas digitais:
[+] UMAW
[+] The 100 Percenters

Veja a postagem do KRS-One no Instagram

 

centralhh.com.br
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