Vídeo + Entrevista. O Slam das Manas lança o single ‘Palavra é visão’

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Capa do single

“Palavra é Visão” é o título do single do Slam das Manas, a música faz parte do projeto ‘Sons que Vêm da Serra’.

Polliana Abreu (28), Jamille Santos (17) e Yuri Bennihur (17) foram selecionadas para compor, interpretar e juntaram música e poesia nesse som que já está disponível em todas as plataformas de streaming.

A coletânea traz 10 faixas e é um projeto da Honey Bomb Records em parceria com a Natura Musical, a música também possui um vídeo que pode ser assistido abaixo.

O Slam das Manas surgiu em 2018, em Caxias do Sul, como um braço feminino do Slam Poetiza. O movimento procura dar visão e voz para as mulheres, bissexuais, lésbicas e trans, por isso, as competições são exclusivas para mulheres e pessoas que se identificam no universo LGBT. O resultado dessa união foi a construção de um som que fez sentido para todas elas. O vídeo também rendeu reflexões, já que no slam, elas têm a oportunidade de reconstruir ou modificar o discurso em cada batalha, mas, enquanto obra audiovisual, o discurso é eternizado.

Yuri Bennihur, Jamille Santos e Polliana Abreu, foto por Breno Dallas

O projeto Sons que Vêm da Serra foi selecionado pela Natura Musical por meio do edital 2018 com financiamento da Lei de Incentivo à Cultura Pró-Cultura RS, através da Secretaria de Estado da Cultura e do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Para entender mais sobre o projeto, o Slam e demais detalhes, trocamos uma ideia rápida com Polliana Abreu, confira!

BF: A partir desse projeto, que une o Slam com batidas, é possível que surjam mais músicas feitas por vocês?
Polliana: Certamente! A gente já arriscava cantar em alguns trechos dos nossos poemas durante as competições, esse som só mostrou que conseguimos atuar na música também. Haverão projetos futuros!

BF: Existe alguma identificação de vocês com a Cultura Hip Hop?
Polliana: Toda! (Risos) Viemos do gueto, o Hip Hop, sempre fez parte da trilha sonora dos nosso dias, e também nos identificamos muito com o que uma galera chama de quinto pilar do Hip Hop, que é o conhecimento.

Polliana, foto por Breno Dallas

Qual a relação de vocês com o Hip Hop ou pelo menos algum dos elementos do Hip Hop (Breaking, Graffiti, DJ e Rap)?
Polliana: Uma coisa em comum de nós 3, e boa parte dos slammers que conhecemos é que o Rap deu início ao nosso pensamento crítico, o modo de vestir, de falar e comportamentos fazem parte da nossa vida desde pequenos, não tem como dissociar. Inclusive nós 3 nos conhecemos nas batalhas de Rap que rolam em Caxias.

BF: Aqui em SP, nós temos um grande poeta do Rap que virou Slammer, o Lewis Barbosa (claro que existem outros, mas ele é um grande destaque). Vocês ou qualquer outra pessoa que participa do Slam das manas, faz Rap?
Polliana: Certo que deve ter alguma na moçada, mas aqui ainda é mais comum ver os manos do Rap se botando nos Slams. Em 2018 me desafiei com o Izacc Zaccani, um amigo musicista, arriscando um pouco das letras dos poemas mesmo, numa mistura do Rap com jazz, e outra com reggae, foi bem experimental,  mas o processo foi bonito. Sabemos que a Jamille costuma se encontrar com uma galera e também mete umas rimas em cima dos beats.

BF: No Rap, o rimador, rapper ou MC, grava suas rimas lançam nos mais diversos formatos e fica registrado. No caso de vocês, com o Slam, as poesias ficam registradas de alguma outra forma, que não seja em vídeo? Sei lá, num blog, num zine, num site, um CD…
Polliana: Temos um projeto saindo em dezembro, que é pra divulgar as escritas das manas em forma de PDF, o acesso será gratuito. Contamos com aproximadamente 10 poetas, logo tá na rede! Nós temos uma parceria bem massa com o coletivo Cuidado Piranhas que produz zines, a edição específica pro Slam das Manas vai rolar depois de lançarmos os PDFs, provavelmente no ano que vem.

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BF: O Slam de vocês é aberto a um grupo específico de pessoas, héteros por exemplo não podem participar, correto? Mas vocês participam de outros Slams? Quais?
Polliana: Sim, somos um espaço de escuta à sujeitos femininos e à comunidade LGBTQI+, os manos, participam no verso livre e a classificatória vale para as manas. A gente tá lado a lado com o Slam Poetiza, que é misto. Quando em outras cidades e tem roda de poesia também nos botamos.

Yuri Bennihur, Polliana Abreu e Jamille Santos – foto por Breno Dallas

BF: No Rap nós temos ícones hoje de todos os gêneros. Nas comunidades de Slam, em nível nacional, existem ícones, alguém que influenciou ou influencia vocês?
Polliana: Com certeza temos influências, a própria Bicha Poética que faz parte do Slam da Quentura lá em Sobral no Ceará, e o Bennihur, foram referências pra construção do Slam das Manas. Compartilhamos algumas referências como Mel Duarte, Thata Alves, Laura Conceição, Agnes Mariá, MC Martina, e claro, nos inspiramos entre nós! Mas a lista não tem fim, afinal estamos sempre buscando informações e conhecendo mais manas pesadas.

BF: Vocês são muito jovens, a Pôlli tem 25, mas mesmo assim é muito jovem. O BF, historicamente, é a mídia do Hip Hop que mais abre espaço para a temática LGBTQIAP+. Vocês já ouviram falar do nosso site?
Polliana: (Risos) Somos sim! Bennihur já tava ligada na cena, é massa conhecer outras mídias, que dão essa visibilidade, sabemos que muitos meios ainda tem dificuldade de reconhecer a importância que a diversidade tem pra cultura! Tamo junto Bocada!

BF: Pra finalizar, “A palavra é visão” fala, entre outras coisas, principalmente sobre o racismo. Quais os principais temas das poesias de vocês?
Polliana: É, esse foi um tema que rolou bastante na nossa troca de ideias pra construir o som, no Slam das Manas geralmente são abordadas pautas periféricas e sociais, é comum ver força nas temáticas relacionadas ao combate ao racismo, machismo, preconceitos, também tem bastante explanação sobre vivência LGBTQ+, assuntos como estrutura de classes sociais e história.

Assista ao vídeo

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