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Imprensa Negra: Em dia de celebração, Oswaldo de Camargo fala sobre José Correia Leite

Imprensa Negra: Em dia de celebração, Oswaldo de Camargo fala sobre José Correia Leite

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No dia 28 de agosto, na Ação Educativa, Oswaldo de Camargo, escritor, poeta, crítico e historiador da literatura participou da celebração aos 125 anos do nascimento do jornalista José Correia Leite. Numa conversa com a jornalista Rachel Quintiliano (foto), o  histórico narrador, que conheceu Correia Leite na Associação Cultural do Negro em São Paulo, descreveu sua trajetória e a influência de Correia Leite em sua vida e na comunidade negra desde a década de 1960.

Oswaldo contou que, por meio de um baile, a descoberta da Associação Cultural do Negro foi um marco, levando-o a conhecer José Correia Leite, um homem culto que valorizava o conhecimento e a elegância como formas de respeito.  “E eu, quando vi aquele nome cultural, cultura ligada a negro, eu me arrepiei. E fui atrás”, relembrou. Camargo descreveu Correia Leite como um intelectual excepcional que o acolheu e o influenciou, compartilhando seus conhecimentos de música, línguas e cultura.  Ele aprendeu a apreciar a música americana graças a Correia Leite.

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Foto por Gil BF

A Associação Cultural do Negro, segundo o Oswaldo de Camargo, era um espaço onde ele aprendeu sobre a cultura negra, embora a África fosse um continente pouco conhecido na época.  Ele menciona a importância da revista Níger, na qual colaborou, e que tem sua edição fac-similar publicada pela editora Ciclo Contínuo.

“Na Associação Cultural do Negro, comecei a organizar algumas coisas, que era muito do prazer do Correio Leite, porque a a a filosofia do Correio Leite era essa. É necessário que nós sejamos respeitados”. 

O escritor relembrou  a dificuldade de Correia Leite em aprender a ler, superada com a ajuda do jornalista Jaime Aguiar, e descreveu a tristeza que via no rosto de Correia Leite, atribuída à dura realidade da questão negra.  Uma frase marcante de Correia Leite, segundo o Camargo, é: “Nós estamos plantando hoje, não podemos esperar que o resultado venha amanhã. Ele vai aparecer no seu tempo oportuno.”

Durante sua fala, Oswaldo de Camargo citou uma lista de nomes de pessoas importantes aos movimentos negros e em memória de Correia Leite. Emocionado, o escritor reafirmou a  importância do legado de Correia Leite para o jornalismo negro e a preservação da memória da época. “Nós temos uma fé enorme na persistência. É necessário continuar lembrando, continuar trazendo a tona nomes, atos e negros que fizeram algo como o Correia Leite fez. Ele veio praticamente do nada, se construiu”,  afirmou.

O evento ainda teve homenagem aos familiares de José Correia Leite, pesquisadores, jornalistas e veículos de comunicação independentes. Acompanhe o Bocada Forte e saiba mais nos próximos textos.


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