#ColunaDoEmecê | Uma casa de cultura

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Nas práticas de abstração, uma prática passível de convite, imagina uma cidade de médio porte. Uma cidade assim entre muitas coisas têm uma casa de cultura no centro. Uma casa que já foi sanatório, orfanato, biblioteca e aí resolveram nomeá-la com o nome de um artista plástico considerado da cidade.

A casa de cultura ainda expõe as obras desse mesmo artista e é aberta ao público para visitações. O espaço ainda é ocupado por exposições e eventos diversos das pessoas da cidade, pois devido a sua localização, se tornou um espaço de prestígio, um espaço com uma mística própria, atravessando aspectos da cidade, que até mesmo na nossa abstração, apresentam.

Elitização e exclusão podem ser elementos para essa casa de cultura? Antes da decisão, afinal, a abstração ainda é passível de controle, a casa de cultura, ao longo do tempo, vai se desgastando. Pintura gasta, cupins nas portas de madeira, qualquer pessoa encostando nas obras do tal artista plástico, nomeador da casa, e suas obras desbotam, perde as cores, o brilho, o relevo.

A casa de cultura já foi ocupada por grupos pretensiosos por representações universais, academias macaqueadoras de academias renomadas e reuniões duvidosas sobre os destinos da cidade de médio porte, precisa, novamente, demonstrar sua importância. Aliás, na abstração, qual é ainda o nível de importância da casa de cultura?

Como a esperança nunca morre, ela é ocupada por jovens ávidos por mudança. Com seus ritmos revolucionários e todo o degradê que só as paredes descascadas e os cupins dão, promovem a liberdade e o anti- establishment, aprendidos em rodas de conversa em espaços de estética protegida.

Bebidas, comidas e ervas usadas sem censura, sem proibição, apesar da casa de cultura ter algum tipo de regulamento proibindo esse tipo de coisa. Não se preocupe, na abstração, não há proibição dos atos de jovens revolucionários de pele clara. Tem até uns deles alçado a condição de semi-deus.

Agora no mundo real, este que vos escreve e muitos parecidos comigo jamais teria uma oportunidade dessas, nem ser nomeado, homenageado, reverenciado ou fazer uma festa em que o cheiro da erva ultrapassa esquinas. E no mundo real, que casa de cultura poderíamos frequentar sem impeditivos, sem o ar elitista e excludente?

Na cidade de médio porte abstrata talvez, mesmo com aquele esforço de ser aceito em qualquer meio, até na abstração. E na sua abstração, a casa de cultura se encaixa?

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