Yannick Hara continua com o Rap do Cinema Novo Brasileiro no Sesc Pompeia
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No dia 28 de agosto, Yannick Hara e o projeto A Terra e a Transe se apresentaram no Projeto Prata da Casa, no Sesc Pompeia, dando início à experiência do Rap do Cinema Novo Brasileiro, inspirada no filme Terra em Transe (1967), do cineasta Glauber Rocha.
Num passado recente, o artista falou ao Bocada Forte sobre o fato de não ser aceito na cena rap. Essa ideia poderia ter impedido o nascimento de muitas iniciativas no hip hop. No entanto, Yannick Hara, rapper que constrói seus trabalhos a partir de conceitos que vão do mangá ao cinema, atravessou a insegurança para reconhecer que não seguiria os caminhos da maioria. Nunca seria como os outros artistas do rap nacional.
Mesmo sabendo que poucos levariam suas músicas a sério, insistiu. Recomeçou a trajetória que, em algum momento, chegou a duvidar se deveria ter iniciado.

De lá para cá, em meio ao intenso processo criativo, Hara lançou Também Conhecido Como Afro Samurai e O Caçador de Andróides, andou pelo circuito underground, produziu clipes e levou seu rap a palcos diversos. Sua sonoridade mistura elementos do pós-punk, do rap, do punk rock e da música eletrônica, mantendo a marca de um trabalho que não busca se encaixar.
Ele também foi o primeiro rapper a participar do quadro Fragmentos BF, em que artistas relatam suas histórias em primeira pessoa, revelando experiências inéditas com exclusividade para o Bocada Forte.
No palco do Sesc Pompeia, entre outras armas sonoras, apresentou “A revolta é radical, a mudança é radical”. O trabalho de Hara parte de inquietações coletivas para confrontar a apatia e se insere no caminho da estética insurgente do Cinema Novo. “Vivemos um transe coletivo em todas as áreas da sociedade e ninguém está fora dele, eu inclusive. O delírio faz parte desse transe e acordar dele é vital”, afirma o MC.

A trilogia Terra em Transe é apresentada como tentativa de repensar o Brasil e projetar o impossível. Hara rejeita partidos, hierarquias e disputas de poder, defendendo uma política sem sigla, autônoma e libertária. “Glauber dizia que sem a esquerda a direita não governa. E vemos isso no Brasil, junto dos partidos de centro que se curvam ao poder”, afirma.
O artista afirma que sua trilogia se encerrará em 2026 com Terra em Transe Vol. 3 – La Transe, ampliando o olhar para além das fronteiras nacionais.
Até lá, Yannick Hara segue ocupando espaços e provocando reflexões. No Sesc Pompeia, o rap se encontrou com Glauber Rocha e abriu mais um capítulo da estética militante que insiste em sobreviver na arte brasileira.





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