Sem dar chance para a ilusão, Coletivo Natese apresenta o álbum ‘Cárcere das Almas Livres’
ESPALHA --->
O álbum Cárcere das Almas Livres, do coletivo Natese, traz um retrato das vivências nas quebradas do Rio Grande do Norte. A rua não surge apenas como núcleo afetivo e formador de identidade, ela é o hip hop que se afirma como linguagem de sobrevivência, mesmo que seja frágil. Entre perdas irreparáveis e sonhos insistentes, Natese projeta a ambição de vencer sem renegar suas origens, resgatando a espiritualidade como forma de seguir com suas ideias e conectar tudo isso ao cotidiano dos seus iguais. Em metáforas e loops rituais, o coletivo transforma experiência em arma estética, com um rap repleto dos ares, versos e timbres dos conflitos sociais e estéticos contemporâneos.
“Alguns atos falhos, mas são as escolhas que revelam nossa face. Nordeste tem sede demais”. Conhecendo o perigo do jogo do rap e da vida, Natese caminha cheio de ódio, carregado de solidariedade pela cidade, numa da pegada lírica que desconfia e acredita, onde cada frase carrega um corpo, uma ilha feita de traumas e vontade de vencer.
Mas ser jovem e nem sempre ter a cor dos não matáveis tem um preço. Como a frequencia mais grave que é propagada em cada beco, o coletivo denuncia sem rodeios: “A polícia mata…na volta de casa, ” uma rotina que termina em tragédia para muitos, inocentes ou não. A experiência da rua, os ensinamentos dos pioneiros, ainda são transformados em alicerce de identidade: Ainda bem. “Minha família é a rua. Hip-hop é minha alma. Hip-hop é minha vida” , sabemos que essa frase pode ir além dos limites sonoros de Cárcere das Almas Livres. Nas escolas, nos projetos sociais, nas oficinas, seja em qualquer lugar, há representantes do movimento que tem mais de 40 anos no Brasil.
Mesmo sem se prender a rótulos sonoros, se é trap, boombap, ou algo além, o que se impõe é a coerência entre forma e conteúdo. O flow é como abrigo, um espaço mutante que resiste à inundação de desinformação dos representantes do mercado e aos filtros dos algoritmos. Os manos e manas precisam estar espertos, mas, sem ilusão nenhuma, sabem o quanto é difícil.: “Esse esforço retorna em dobro na meta das notas que vou conquistar.”
Entre perdas e lutas comunitária, não há espaço para ostentação e nem para a glamourização da dor “Visão, missão, irmãos, irmãs, missão, morte, amigos caídos, pequenos meninos no chão.”. Sete faixas protagonizadas por jovens vozes, poetas ignorados e profundamente políticos. Como sempre aconselho, aperte o play.
Coletivo Natese:
Santos Noctua – Compositor, cantor e produtor cultural.
Madruga084 – Cantor e compositor
AcerolaBoy – Cantor, Compositor e Slammer
Ennay084 – Cantora, compositora e Bgirl
CorTTezzz – Cantor, compositor, produtor musical e trapstar
Guará – Cantor, Compositor e Bboy
costbtz- Produtor musical, Cantor, compositor e violonista.
Adriana SKF – Produtora executiva e Direção de Audiovisual
Vine – Diretor de comunicação, Direção audiovisual, roteirista e editor.
Gustavo – Social Media e Ator
Lys – Fotógrafa, redatora e slammer
Martim – Direção de Arte, Artista visual e autor da capa do álbum




Interaja conosco, deixe seu comentário, crítica ou opinião