Memória BF | Bahamadia e a sua estreia oficial pra entrar na história do Rap mundial

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Antonia D. Reed completará 55 anos esse mês, no dia 22 de abril. No mesmo mês, exatamente hoje (02/04), o seu álbum de estreia completa 25 anos. ‘Kollage’ foi lançado em 1996, pela mesma gravadora do Gang Starr, inclusive podemos dizer que Guru foi uma espécie de padrinho pra ela. O que fez com que Guru prestasse atenção na talentosa rimadora e ex-DJ da Filadélfia foi o single “Funk Vibe” do EP ‘Funky Vibes’ (ouça aqui), lançado em 1993, uma coletânea com mais 5 artistas, todos da mesma cidade, que aliás é um disco bem raro.

Faço aqui um parênteses, pois é interessante notar que por lá também eram lançadas muitas coletâneas com artistas novos e que acabaram se destacando na cena. E mais uma coisa importante de citar, não foi apenas Guru que se interessou pelo talento dela, Dr. Dre também queria trabalhar com a moça. Para quem não sabe o rapper Kurupt, grande representante do Rap da Costa Oeste, nasceu na Filadélfia e foi dele a indicação para Dre.

Guru e DJ Premier predominam nas produções das 15 faixas (na versão europeia em CD são 16), mas também tem produções do Da Beatminerz, N.O Joe, Ski, DJ Redhanded e até uma dos seus conterrâneos do The Roots, que foram responsáveis pela faixa que participam, chamada “Da jawn”. Até aproveitando essa passagem, Bahamadia é puro Jazz e tenho certeza que foi isso que atraiu Guru e vice-versa, pois em 1993 ele estava lançando ‘Guru’s Jazzmatazz, Vol. 1’.
www.youtube.com/bocadaforteMalandro e ligeiro que ele era, a incluiu no ‘Guru’s Jazzmatazz, Vol. 2: The New Reality’ (1995), já pra preparar o terreno pro lançamento do seu primeiro álbum no ano seguinte. E não colocou ela em qualquer música, mas em uma das melhores de todos os álbuns do Jazzmatazz, “Respect the Architect”. Em 1994 o single “Total Wreck” já havia sido lançado, mas como o pessoal do Rap dos anos 90 nos Estados Unidos não dava ponto sem nó, acredito que era necessário um impulso maior para a chegada do álbum.

Em 1995 também foi lançado o single “Uknowhowwedu”, um dos grandes sucessos da sua carreira, que juntamente com o outro single já tinha vídeo bombando no YO! MTV Raps. Esse álbum não tem música ruim, não é à toa que Bahamadia está imortalizada como uma das grandes mulheres do Rap mundial. Seu talento e postura garantiram esse reconhecimento e influenciou outras grandes mulheres do Rap ao redor do mundo. Em relação à postura, três músicas são muito simbólicas nesse álbum – o single “True honey buns (Dat freak shit)”, “3 the hard way” com K-Swift e Mecca Starr e “Biggest part of me”, essa última sobre maternidade e o amor de mãe.

Outras duas faixas que não posso deixar de citar são a romântica “I confess”, que foi o quarto e último single, e a faixa que no lançamento, em 1993, só tinha como bônus na versão europeia do CD, “Path to Rhythm”. Essa última tem a participação de Ursula Rucker, pesquisem sobre, colocar ela em uma música foi uma inovação para o Rap, hoje é comum, ainda mais em tempos que o Slam virou febre.

Esse álbum é tão bom que merecia um faixa a faixa, que fique registrado que esse texto ainda será devidamente atualizado com o passar dos anos. Ele está sendo escrito em meio a uma pandemia, onde está muito difícil produzir conteúdo, mas ouvir essa obra novamente me fez muito bem, vivemos dias tristes e incertos. Sempre que puder escolha músicas positivas, músicas que salvam, que ensinam, que elevam, que edificam, são elas que vão marcar os melhores e os piores momentos da sua caminhada. Nos melhores vai marcar por boas lembranças e nos piores você vai lembrar como elas foram importantes e te fortaleceram para superar as dificuldades.

Parafraseando os poetas – Um bom Rap também é uma forma de oração!

Ouça o álbum completo

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