Nossa playlist segue sendo sempre atualizada e entre as últimas atualizações tem três lançamentos de um pessoal que nenhum tem menos de 10 anos de caminhada. O desinteresse na busca de informação faz algumas pessoas acharem que alguns nomes que estão em evidência atualmente sejam novatos. Destaquei três sons que foram incluídos na nossa playlist nos últimos dias pra exemplificar que tem muito artista bom que só agora está conseguindo ter um alcance maior. A gente que acompanha a cena desde sempre, sabe quem é quem e muitas vezes nem os próprios artistas tem conhecimento que em algum lugar do país tem gente que sabe da sua história e que acompanha à distância.
Londrina, Curitiba e Goiânia – Mano Fler, Dow Raiz e Mortão VMG estão juntos na música “Choque”, das que escolhi é a única que por enquanto tem vídeo. O Fler eu já citei aqui e rolei no Resistência Sonora o primeiro som que ele compôs e gravou com o grupo Realidade Street (confira aqui). O MC Dow, que era parceiro do Dem no VeSeVersa, conexão forte com o Skate e o underground em CTBA, tem uma caminhada que já passa dos 10 anos. Mortão do Vagabundagem Mil Grau, atualmente conhecido na cena apenas como produtor, também rimava. Bem antes de fazer essa conexão com o pessoal de Londrina e de São Paulo, já tinha participações com artistas de Goiás e até já citamos no BF a dupla Domba e Mortão. Pesquise no Acervo BF e verá a força do Hip Hop Goiano, que nos anos 2000 a 2010 já tinha uma cena forte, nomes como Testemunha Ocular, Doxsoul, Gásper, Stéfanas, A Tropa, EpontoB, Som Ativo, MC Gigante (hoje Gigante no Mic), Sinhodidade, Negroativo, etc… Tem documentários, já teve o Prêmio Ghetto, tinha o Rapgyn como site regional e até um representante que já escreveu no BF, o Dr. Dim que era do Ceneg (Centro de Cidadania Negra do Estado de Goiás).
O outro lançamento junta novamente manos e uma banca que tem uma história importante em São Paulo – Organização Xiita do Pixote e Preto R, que por muito tempo foi da Pau-De-Da-Em-Doido, era do grupo Polemikaos e hoje planeja o lançamento do seu próprio selo. Lançaram a música “Foda-se a polícia”, bem no estilo deles, sem meias palavras, contundente, combativos. A primeira vez que essa banca se juntou pra um lançamento foi no vinil ‘Guerra Santa’, um marco pro Rap independente. Sempre ouvimos quem não é de SP ou RJ falar sobre as dificuldades em ter aceitação nesse eixo e eles tem toda razão. Mas existem inúmeros artistas que estão dentro do eixo e que também enfrentam dificuldades e muitas vezes até mais, por incrível que pareça. Ainda mais quando são como o Organização Xiita, que não alisa, que não dilui o discurso, que mantém a essência e a sua verdade.
O último e não menos importante é o som “Missiva a casa grande”, parceria do Jota Ghetto com o MC e beatmaker Lincoln Rossi. A música acaba de sair no álbum ‘Lendas Contemporâneas Vol.1’ pela Correra Records, selo do Lincoln e todas as produções do álbum são dele. A dupla é da cidade de São Carlos, tem uma parceria que não é nada nova e se você não conhece pesquise mais sobre. Esse álbum do Lincoln tem mais 15 faixas com diversos artistas, clique aqui e confira o álbum.
Mixei essas três em um post só pra que de alguma formas esse artistas estejam conectados, pra mim não importa nem um pouco números em redes ou plataformas e sim a obra em si e o que cada um tem a dizer através da música. Espero que eles acessem e que cada um conheça o trabalho do outro, a cena é muito mais forte se estiver junta.
Confira essas três e muitas outras na nossa playlist