Carregando agora
×

#Podcast: Billy Fat manda suas ideias no Da Rua Pra Rua

#Podcast: Billy Fat manda suas ideias no Da Rua Pra Rua

ESPALHA --->

O segundo episódio do podcast Da Rua Pra Rua, produzido pelo Selo Cultural Hip-Hop Ciclo Eterno, com base na Chapada Diamantina (BA), reforça a proposta do programa: aproximar a cultura hip-hop de suas raízes ancestrais, narrando experiências que resistem à lógica dos algoritmos e do mercado. O convidado da vez é Billy Fat, MC, poeta, educador de rua e organizador cultural de Ilhéus, no sul da Bahia.

Billy Fat carrega uma trajetória marcada pelo ativismo nas periferias baianas, com ações em escolas, centros urbanos e projetos comunitários. No episódio, ele relembra suas primeiras influências — de Gabriel o Pensador e Racionais MC’s à movimentação local Sagacidade Urbana, que formou uma geração inteira de jovens ligados ao rap em Ilhéus.

A conversa aborda temas centrais para o hip-hop contemporâneo. Um deles é a relação entre a indústria musical e a perda de visibilidade do rap crítico. Para Billy, não há um “esvaziamento” da mensagem:

“O mercado vai atrás do que vende, mas a profundidade ainda existe. O problema é o algoritmo que limita o alcance. Falta organização para que trabalhos conscientes cheguem ao público certo.”

Outro ponto forte do episódio é a defesa do hip-hop como instrumento educacional e de ressocialização:

“O rap me ensinou que o crime é consequência da miséria, não do caráter. Ele me deu compreensão da minha realidade e me ensinou a não julgar sem contexto.”

Billy Fat também destaca a importância da conexão do hip-hop com outras expressões da cultura negra — capoeira, candomblé, quilombos — e denuncia a falta de infraestrutura e reconhecimento para quem atua no interior:

“Para o poder público, basta uma caixa de som. Não entendem que precisamos de palco, retorno, iluminação, estrutura. Falta credibilidade. Só recentemente conseguimos transformar o hip-hop em patrimônio imaterial do nosso município.”

O episódio fecha com uma reflexão sobre acolhimento às novas gerações:

“Quando um pivete chega, a primeira coisa que ele precisa sentir é que a cultura também é dele. A crítica e o peso vêm depois. Primeiro, a porta tem que estar aberta.”