Outras Palavras: Análise de Álvaro García Linera sobre os desafios enfrentados pelos governos progressistas na América Latina
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As recentes derrotas eleitorais das esquerdas e progressistas na América Latina não podem ser atribuídas apenas a fatores externos, como a influência de trolls nas redes sociais ou a violência da direita. O autor Álvaro García Linera argumenta que a raiz do problema reside na gestão econômica dessas administrações, que muitas vezes falham em atender às necessidades da população. Ele destaca que, embora a polarização política e a ascensão das direitas sejam reais, elas são alimentadas por um mal-estar social preexistente, que se agrava com a insatisfação popular em relação a políticas que não conseguem garantir a estabilidade econômica.
Linera menciona casos específicos, como o Brasil e a Argentina, onde a crise econômica e a inflação têm sido fatores determinantes para a perda de apoio popular. No Brasil, o golpe contra Dilma Rousseff em 2016 foi impulsionado por uma crise econômica que já se arrastava, enquanto na Argentina, o peronismo enfrentou a ira popular devido ao aumento da inflação durante o governo de Alberto Fernández. Na Bolívia, a gestão econômica desastrosa de Luis Arce também ameaça a continuidade do Movimento ao Socialismo (MAS), que historicamente representou os interesses das classes populares.
O autor conclui que a esquerda deve reavaliar suas estratégias e propor novas reformas econômicas que respondam às demandas de uma sociedade em transformação. A estagnação e a falta de inovação nas propostas progressistas podem levar a um ciclo contínuo de derrotas eleitorais. Para que a esquerda recupere sua relevância, é necessário um compromisso com a construção de um futuro mais igualitário e democrático, capaz de reacender as esperanças coletivas.



