O que ouvimos em 2025: ‘Vida, amor & dor, Vol. 1’, álbum do rapper Eazy Kaos
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Eazy Kaos continua sua jornada ao encontro do lado mais humano e sincero de um artista veterano que enfrenta seus demônios e celebra suas conquistas. Em 2024, no EP “Libra”, o rapper já dava o tom de suas novas linhas com um olhar no retrovisor, avaliando fatos e refletindo sobre seus erros.
Conheci Eazy na metade dos anos 1990, nas quebradas da zona sul de SP. Primeiro ouvindo seus raps gravados em fitas cassete que rolavam nas rádios comunitárias da região. Algum tempo depois, o ofício de programação e locução em duas emissoras que abriram espaço para o rap nacional nos aproximou. Trabalhamos juntos na divulgação do canto falado brasileiro durante um grande período.
Trocamos ideias, discutimos política e a nova fase do rap da época, dividimos alguns palcos entre discotecagens e shows. O mano integrava o grupo Facção Anti-Sistema. O tempo passou, nossa correria com os trampos, educação e família nos afastou. Eazy Kaos participou de diferentes projetos, com destaque para o Reviravolta Máfia. Algumas histórias rimadas em seu mais recente trabalho explicam uma parcela das razões do nosso distanciamento.
Em 2025, “Vida, amor & dor, Vol. 1” mergulha sem medo no passado de medos, revoltas, momentos de arrogância, incompreensão e redenção do rapper que foi crescendo entre esperança, promessas e choques de realidade. Eazy revela os bastidores, o lado que se desenvolvia fora dos estúdios, palcos e lentes do hip hop.
Mas o MC, beatmaker e produtor vai além da caminhada iniciada em “Libra”. Ao falar do passado- em beats que vão do drumless ao boom bap e reverberam no gangsta- o rapper aponta para seu futuro sem aquela máscara de herói quase imbatível, presta homenagem aos parceiros e parceiras do rap que já não estão entre nós, aborda temas atuais como saúde mental, racismo e genocídiio do povo palestino, entre outros assuntos urgentes.
No ano passado, Eazy Kaos produziu o podcast “Solta a Voz Preto”. O artista planeja voltar ao microfone para continuar o debate além do rap. Ficamos no aguardo.
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