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O que ouvimos em 2025: ‘Cultura de Preto’, Cris SNJ

O que ouvimos em 2025: ‘Cultura de Preto’, Cris SNJ

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Vai vendo o que o Chat GPT fala sobre o trampo de Cris SNJ. “Musicalmente, o álbum Cultura de Preto traz influências do rap dos anos 90, com batidas pesadas e versos afiáveis que remetem às raízes do hip hop brasileiro. Cris SNJ reafirma sua posição como uma artista veterana, mas sempre atual, conectando seu passado com as demandas contemporâneas do movimento.” 

Não vai pra grupo não, eim. Nem fica moscando com a superficialidade desse montão de página de rap. Ao contrário do que afirma a IA, esteticamente, o mais recente trabalho da negona tem maior presença de timbres e batidas dos subgêneros que são destaque na cena atual. Entretanto, o EP vem carregado com o peso de três décadas de história no rap nacional para falar de ancestralidade e resistência. Sim, num país racista e que flerta com o fascismo,  é preciso evidenciar a resistência negra para os nossos e para os políticos de direita que no Congresso sempre votam contra o povo, mas que pensam que podem enganar todos os habitantes das periferias com seus planos para a próxima eleição.

Por meio de versos como “Ogun é a espada, meu escudo é canção” e “Sou a força de quem nunca recuou”, Cris SNJ evoca a espiritualidade afro-brasileira como fonte de força e inspiração, algo que acompanha a trajetória do povo preto durante séculos em nossas terras. Do tambor ao beat sintetizado, a rapper celebra nossa herança cultural, ligando sua trajetória pessoal à resistência coletiva. 

Cris SNJ aborda o racismo, o machismo e o colorismo com versos diretos, como em “Respeita o corre da Big Mama”. Ela também desafia padrões de beleza ao afirmar: “Minha força não é na peruca, é na careca, escolha certa.”

A cantora denuncia a violência policial, o elitismo e as dinâmicas de opressão em versos como “Devolvendo soco em racista sem medo” e “Meu corpo, minha pele, alvo da mira racista.”

Como um mantra— “Cultura de preto, do gueto pro gueto” —, Cris SNJ celebra a identidade periférica e a força criativa que faz parte das estratégias de sobrevivência do povo negro. 

Sem utilizar a plasticidade “auto-tunada”, Cris coloca personalidade em sua nova viagem, que é conduzida em sua maior parte pelos beats de Vbox. O trampo ainda conta com participações de Poeta Desperta e Lino Krizz.

A rapper segue em sua nova fase mostrando que tem muito a dizer. Ainda bem. Cris representa um momento de mudança no rap brasileiro do final dos anos 1990. O SNJ trouxe ougtra maneira de fazer rap para a cena. O grupo até foi incompreendido na época, mas essa é outra história. Hoje, o que liga é dar um play no EP da negona…e não engolir o papinho de quem até escuta rap, mas só posta o que o robô escreve, sem dar crédito ao robô (tadinho dele).