O que ouvimos em 2025: ‘Depois que a onda passa’, Matéria Prima e Barba Negra
ESPALHA --->
“Matéria Prima, não há nada melhor.” O senso comum poderia afirmar ser um mantra o que o rapper mineiro Matéria Prima repete para abrir caminho por entre as ruínas, destroços quebradas, ruas e belezas da existência em seu recente disco Depois que a onda passa, produzido por Barba Negra- homem também conhecido como O Terrível Ladrão de Loops, beatmaker que entre poeira, flanelas e reflexos escuros do vinil retira samples como quem reza, cava como quem invoca o passado e reinventa como ninguém a tradição instrumental do rap brasileiro.
Sabe aquelas parcerias que o algoritmo joga na sua cara após alguns anúncios? Esqueça. Aqui, há sintonia espiritual, sinapse criativa e troca sincera. Como páginas de um diário em fluxo de consciência, Barba Negra fornece o plano de fundo. E não precisa ir muito longe: beats densos, jazzísticos, que perturbam e são ao mesmo tempo suaves. Algo para que Matéria Prima siga andando e apresentando seu mundo..
“Fazendo 1.000 coisas, sou feito de mil coisas”. O MC, como tantos outros da nossa cultura, está falando de si, mas também de todos nós, corpos periféricos, mentes sobrecarregadas de criatividade e instinto de sobrevivência. Como nossa vida, as rimas do trampo podem soar um pouco freestyle, mas não são. Podem ter um pouco de oração, ter um pouco de crônica, podem ter um pouco do que a gente quiser. Depois que a onda passa, o ouvinte também tem o direito de tomar o disco para si.
O álbum é o cotidiano na visão de um cara que viveu bastante para não se importar muito com regras estéticas e publicitárias, mas não abre mão de propagar sua forma de fazer rap. Aperte o play!




Interaja conosco, deixe seu comentário, crítica ou opinião