MC Ralph é Jamaica, é África, é Brasil

Por DJ Cortecertu, última atualização em 26 de agosto de 2019

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Poucos percebem, mas ser brasileiro é levar vantagem no que chamam de jogo do Rap. As possibilidades estéticas são infinitas. Produções de artistas como Stereo Dubs, DJ Nuts, Diego 157, Parteum e Nave mostram o quanto a música brazuca é original. Sempre aparece uma figura que se destaca por ter essa visão que ultrapassa a lista dos mais baixados da cena gringa . Já passou o tempo em que os críticos diziam que no Rap nacional tudo é a mesma coisa. Prova disso é o CD “Dá-me Licença”, de Ralph, MC oriundo do grupo Gírias Nacionais, discípulo do freestyle e das sonoridades e filosofias jamaicanas. “Meu som acaba saindo da mesmice, tem muito cara bom no Rap, muito mesmo, MCs que eu escuto direto, entretanto, não quero parecer com ninguém. Gosto de ouvir, admiro, mas tenho que saber ser eu, acho que essa é minha contribuição”.

Sobre a relação entre o som da ilha mais criativa do planeta e seus projetos, o MC comenta: “um pouco antes, quando fiz minha mixtape “No Fundo do Baú”, se deu o início do meu auto–conhecimento,sempre gostei de ouvir reggae, mas, nesse momento, já tava mais ligado com a cena das sound systems e tal. Continuei com os freestyles, fazendo batalhas, mas sempre buscando uma evolução nas letras escritas, porque sempre gostei de poesia. De dois anos pra cá, trabalhamos pesado no “Dá-me licença”, em novembro de 2009, conseguimos botar a parada na rua”.

Rapper nascido e criado em Taubaté diz que despertou sua atenção para os ritmos regionais para tornar seu Rap único. “É Jamaica, é África, é Brasil. É tudo que me influenciou aqui na matéria e o que influenciou no espírito desde os tempos ancestrais.” A música de Ralph é inspirada na religião e na sensibilidade. “Acredito no amor, no amor de um Deus que é todos e ao mesmo tempo é um só, isso está refletido na música. Cada letra surge de um jeito, algumas surgem com mais calma, com mais razão, outras caem tipo chuva e fluem na minha mente”, afirma o MC

Os beats de “Dá-me Licença” foram feitos por produtores de vários lugares do país, com masterização de Buguinha Dub (olha ele aí de novo). Satisfeito com o resultado, Ralph revela suas fórmulas, “quem trabalhou no CD é uma rapaziada que eu respeito muito, só tenho que agradecer pelas colaborações. Juntamos uns beats pesados com o trampo de alguns músicos,  quando eu chegava no estúdio Casa 1, já estava com as idéias bem definidas, o plano foi bem bolado. O Buguinha fez a masterização analógica, um processo essencial para o disco, passar os sons pro deck de rolo e alcançar uma sonoridade mais rústica, apesar dos beats eletrônicos”. O ótimo resultado pode ser conferido nas 18 faixas de  “Dá-me Licença”, canções simples, batidas dançantes e muita espiritualidade.

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