Conheça Anderson Hebreu, idealizador e criador do Noticiário Periférico

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Anderson Hebreu

Referindo a si mesmo como “um jovem negro, de periferia, com pensamentos de esquerda e que gosta bastante de rap”, Anderson Hebreu é um das maiores referências quando o assunto é blogs e mídias de Hip Hop. Criador do blog Noticiário PeriféricoHebreu é um blogueiro que se destaca por passar a visão certeira.

Se os textos de Hebreu são acessíveis para todos, essa facilidade não deve ser confundida com simplicidade na medida em que a cada vírgula, o blogueiro desenvolve novas ideias em textos explicativos, muitas vezes com opiniões inusitadas e que assumem posicionamentos.

Não a toa, seus textos (junto aos da Ana Rosa, colaboradora do Noticiário Periférico) são cada vez mais lidos e reconhecidos pelo público do Hip Hop. Em entrevista exclusiva conversamos com o blogueiro sobre sua caminhada no hip hop, suas opiniões a respeito da cena rap BR, o cenário do rap lusófono, suas reflexões a respeito dos blogs e mídias de Hip Hop e suas opiniões a respeito do cenário político atual. Confira:

Bocada Forte: Hebreu, você poderia nos contar um pouco sobre sua trajetória no Hip Hop?

Anderson Hebreu: Demorô, parça, vamos do começo. Escuto rap por influência do meu pai. O primeiro rap que ouvi foi do Racionais – “Fim de Semana no Parque”. Meu pai ainda tinha os vinis deles, antes de se desfazer por ser crente. E na época eu nem sabia que aquilo era rap, eu só sabia que tinha um cara cantando. Em 1998, com o “Sobrevivendo no Inferno”, que eu fui entender o que é rap, junto com outras coletâneas que estavam sendo lançadas na época. E na rua só tocava rap! Também nessa época eu comecei a dormir na casa da minha vó e convivi com um primo mais velho que já ouvia rap, colava nos rolês e dançava de tudo (inclusive break). Às vezes a gente fazia até umas mini competições de break no quarto.

Alguns anos depois, o rap já estava dentro de mim e eu queria estar dentro do rap, do Hip Hop. Eu não era bom dançando, não era bom de grafite (ainda que eu fosse um bom copista – copiando os desenhos em revistas de Dragon Ball que eu comprava), fazer rima também não era meu forte (ainda que eu rabiscasse umas linhas nas aulas de poema) até porque eu era tímido e DJ era impossível, era muito caro. Com a chegada da internet eu comecei a pesquisar e descobri que tinham sites e comunidades de rap. Comecei a me inserir nesse meio publicando download de álbuns gringos e nacionais. Ficava pesquisando os lançamentos e publicava na página. 

Um mano que tinha um blog chamado Portal Hip Hop gostava da comunidade e me chamou pra publicar download no site dele. Então comecei assim: publicando downloads. Com o tempo, ele não tinha mais tempo de atualizar o blog e me ensinou a publicar/replicar notícias indo nos sites gringos e traduzindo textos e, nos sites brasileiros, copiando e citando as fontes. Com o tempo, senti vontade de criar meu próprio blog. E já quis meter um nome em inglês: criei o HipHop – Rap News, inspirado na revista Rap News que eu já comprava na época e falava principalmente sobre rap gringo, até porque na época já existia a revista Rap Nacional.

Com o tempo o blog foi mudando: eu postava notícias, download e, quando tomei consciência de que não poderia publicar download não autorizado, deixei isso de lado. Com a internet, comecei a estudar mais. Quando conheci o Bocada Forte eu vi que eles tinham um lado bem político e que eu tinha um compromisso, que eu tinha que passar informação e fui moldando meu blog. Também recebi influência de outros blogs como o Real Hip Hop, o Rap Evolução.

Então senti necessidade de mudar o nome do blog para algo em português. Tentei Noticiário do Rap, mas já existia o Jornal do Rap. Então pensei “como sou da periferia, nada mais justo que Noticiário Periférico”. Um amigo da Bahia, que era grafiteiro e webdesigner, fez o logo para mim. A partir daí o lado político, social e racial do blog foi crescendo. Na época do Rap News eu já tinha uma coluna chamada “Negro em Foco”, outra chamada “Dica Periférica” e tudo isso foi amadurecendo. E por ser agora “Noticiário Periférico”, isso me abria um leque muito grande de assuntos interessantes à comunidade negra, pobre e, agora, a comunidade LGBT também. O Noticiário foi amadurecendo com o tempo junto com o meu amadurecimento.

Aliás, fazendo um parênteses, mesmo tendo blog eu não me sentia parte da cultura Hip Hop. Isso só mudou quando vi uma entrevista do professor KRS-One, um dos meus rappers preferidos, falando sobre o quinto elemento do Hip Hop – o conhecimento que une os outros quatro elementos. Quando percebi que  um blog de rap passa conhecimento, entendi que fazia parte da cultura.

BF: Para você, hoje, quem é o Anderson Hebreu?

Hebreu:  Eu sou um homem negro, de 30 anos. Amo música negra e cultura negra no geral. Sou um ser humano que está em desconstrução de várias fita, de conceitos e preconceitos, sempre aprendendo coisas novas, acompanhando essa mudança no mundo. Sou um cara de esquerda, com pensamentos de esquerda – não tem como não ter. Sendo negro, sempre vou colocar Raça em primeiro lugar, depois classe. Esse é o Anderson: um jovem negro, de periferia, com pensamentos de esquerda, que gosta bastante de rap e é isso.

BF: Aproveitando o gancho, você destacou ser um homem de esquerda. Como você enxerga a importância de se dizer de esquerda sendo negro, periférico e blogueiro de hip hop? Principalmente nesse contexto de avanço das ideias fascistas?

Hebreu: Eu aprendi sobre política por influência do rap anos 90 com Racionais, Rappin Hood, Eduardo. Não era de esquerda na época, não sabia qual a diferença entre esquerda e direita. Com o tempo entendi que na nossa democracia a gente escolhe representantes e que o sistema político é dividido entre esquerda, direita e centro. Vi também é que é a esquerda quem defende causas sociais e percebi que aquilo estava muito próximo das ideias do rap.

Acho muito importante, sendo negro de periferia e blogueiro, pontuar isso. Não é cabível que alguém do rap vote no Dória – um cara que, quando prefeito, reduziu a merenda escolar, tirou AMA’s e UBS’s, que como proposta para governador disse que vai dar carta branca pra polícia matar suspeitos, saca…? As ideias não batem. Eu cresci ouvindo Racionais, não tem como compactuar com umas ideias dessas.

Porém, o rap foi para um caminho que esvaziou seu discurso, quando começou a falar de rolê e festa. Não que isso não possa – a origem do Hip Hop vem de festa. Mas o rap também é política. Quando você só foca naquilo, perde-se a essência. Então, tendo um veículo de informações, sinto a necessidade de passar conteúdo social e racial – tudo com viés de esquerda – ainda mais hoje. Onde já se imaginou pessoas do rap votando em um militar? Entre um professor e um militar, pessoas do rap escolheram a segunda opção. Um cara que também quer dar carta branca pra polícia matar. A gente, de quebrada, de periferia, sabe que aqui nunca foi fácil. A polícia nunca nos tratou bem e, vendo gente do rap com essas ideias, sinto mais necessidade ainda de me posicionar. Até porque tudo é política: o preço da condução, o preço da gasolina, da cerveja, do refrigerante, entre outros.

Só não sei onde o rap se perdeu. Aliás isso daria uma outra pergunta: como que a onda conservadora chegou na periferia, entre outros através desse monte de igreja comendo a mente das pessoas.

BF: Entrando mais nisso, em 2016 você e o Jair Cortecerto participaram do podcast #RapEmDebate e, em dado momento, você falou a frase “O gangsta rap não é o dono do rap”, na época onde muitos “guardinhas de rap” detonavam a galera do trap. Nessa última resposta, você já se propõe a recuperar em certa medida o caráter mais combativo do rap e da cultura hip hop. Como conciliar esse lado mais festeiro do rap com o lado mais combativo?

Hebreu: Eu disse essa frase referente ao gangsta rap se achar dono do rap, como se tudo que eles devesse ser tido como lei. Muita gente replica a frase “não sou rimador de alegria” pra dizer que o rap não pode ser dançante, para curtir, que o rap deve ser sério e contestador. Ou até mesmo dizendo “não canto pra maluco rebolar” [de “Minha Voz Tá no Ar” do Facção Central], que você não pode dançar, só pode curtir o som – e onde fica o bboy nessa?

Eu acredito que dá pra ter os dois. Aliás não é necessário contestar só sendo gangsta, depende da letra que você mete no bagulho. Não é o comportamento, a batida, a malandragem: é o conteúdo. Não é que agora eu proponho que o rap seja combativo, eu sempre disse que o rap precisa ser assim. Mas isso não significa que não posso ouvir um rap mais romântico ou de rolê, curtição. Até porque temos exemplos como Emicida que, em um mesmo álbum, tem “Passarinhos” e “Boa Esperança”. Não podemos ser extremistas dizendo que o rap só pode ser uma coisa – o rap é tudo isso! É contestação, é curtição, pode ser pra relaxar e desestressar, pode ser pra xingar o sistema. Rap é Ritmo e Poesia ai, para qual caminho seguirá a poesia fica a critério de cada MC. Longe de mim querer ditar o que o rap é ou deixa de ser.

 Aliás, é possível também cantar rap de amor e ser ativo nas redes sociais como o Marcelo D2. Quem diria que ele seria tão ativo como foi esse ano? Aí você pega um DJ Jamaica – que tá a miliano produzindo gangsta rap – apoiando Bolsonaro. Qual a lógica? Isso aí é muito relativo. Você pode fazer música de amor, mas dar uma entrevista consciente e passar uma visão foda. Muita gente pega mais visão em entrevistas do que em músicas. Eu, por exemplo, nunca fui fã de Facção mas sempre parei pra prestar atenção no que o Eduardo fala.

BF: Sempre que possível, nós vemos você falando e promovendo o rap lusófono, principalmente de países como Angola, Cabo Verde e Moçambique. Para você, qual a importância de dialogarmos com a galera do hip hop também desses países?

Hebreu:  Gosto muito do rap lusófono! Desses países que você citou, gosto muito do rap português. A importância é o intercâmbio cultural e ancestral. Falando em Angola, Cabo Verde e Moçambique – temos laços de sangue com esses países. Seria uma troca de informação e experiência. Esses países enfrentam problemas parecidos com os nossos. A maioria dos rappers que eu escuto desses países falam de problemas sociais e raciais – e é como se eu estivesse ouvindo rap nacional. É muito válido que o público brasileiro ouça mais

O intuito de quando comecei a publicar sons desses países era que o público conhecesse mais o rap desses países. Como comecei a postar , passei a receber e-mails de rappers desses países e hoje tenho uma interatividade com eles, com muitos fiz amizade. Nessas parcerias, a 6 anos atrás nós formamos um blog de rap chamado Nação Hip Hop formado por mim, pela Andréia de Portugal, o Briguel de Angola, um mano de Cabo Verde e um DJ de Moçambique. E cada um trazia informações desses países nesse site. A ideia era boa, tínhamos views, mas com o tempo acabamos seguindo caminhos separados.

Especificamente em Angola, eles conhecem a maioria dos rappers brasileiros: Emicida, Projota, Facção, Rappin Hood, Gabriel Pensador. O rap brasileiro é referência para eles. As vezes os MC’s de lá usam referências de rappers brasileiros, até pela proximidade da língua. Para mim, esse intercâmbio não deveria ser unilateral: nós também deveríamos nos conectar mais com o que é produzido lá.

 

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BF: Você disse agora a pouco que os blogs de rap tem um papel crítico, sendo parte do quinto elemento do Hip Hop. Para você, quais são as maiores dificuldades que você tem enfrentado enquanto blogueiro?

Hebreu:  Temos alguns problemas. O lado bom de ser blogueiro independente é poder dizer o que se quer. O lado ruim é que muitas pessoas te procuram no interesse do “fortalece”. Muitos MC’s acham que blogueiros devem trabalhar para eles. Aliás, muita gente acaba recebendo dinheiro no rap: o produtor, o diretor de clipe, o MC, o produtor de eventos, a agência que trabalha para o MC… E cadê o blogueiro? O blogueiro “fortalece”. Então esse é um dos problemas: a falta de remuneração. Não que tenha tanto dinheiro assim girando no rap, mas o que tem nunca chega na imprensa do rap. Todos pedem para nós fortalecermos, mas nós próprios não somos fortalecidos.

Outro problema são os comentários toscos e ataques, já que o Noticiário Periférico é bem ativo nas redes sociais. Ontem mesmo publicamos um informe sobre fascismo e recebemos um chuva de comentários de contas fake falando mal do comunismo, sendo racistas. Esses são problemas vividos por blogueiros que apresentam posicionamentos críticos.

Aliás, voltando para a questão da remuneração, veja: dessa nova geração de MC’s (que inclui Projota, Rashid, Karol Conka, Flora Matos, etc) muitos ganharam destaque por conta do Bocada Forte. Não estou dizendo que eles deveriam dar dinheiro para o Bocada, mas veja como o  progresso chega para alguns e não para outros. Quando estão no anonimato, eles se lembram das mídias de rap. Quando chegam num patamar, esquecem de investir em nós, e procuram por mídias grandes como G1, Folha, Estadão, etc. As mídias de rap são um trampolim para muitos artistas e o sucesso deles nunca é repartido conosco.

BF: Mudando um pouco de assunto, estamos entrando agora no mês da Consciência Negra, logo após a eleição de um candidato fascista e racista. Para você, qual deve ser o papel do HipHop em nosso momento atual?

Hebreu: Dá até uma tristeza real. Às vésperas do mês da Consciência Negra termos eleito um presidente racista é doída. Em novembro, o NP costumamos fazer algumas entrevistas especiais falando sobre pautas raciais, sociais, políticas. E agora é impossível não tocar nesse assunto.

O papel do Hip Hop perante um presidente como esse é ser oposição. O caminho não é sair criticando o cara, mas tentar desmistificar coisas que ele passa como a ideia que a escravidão foi realizada pelos próprios negros na África. Quando o Bolsonaro vai até a TV Cultura dizendo isso, é algo nocivo. Então o Hip Hop, sendo cultura negra, deve desmistificar essas mentiras.

BF: Antes da entrevista, conversamos rapidinho com a Ana Rosa, colaboradora do Noticiário Periférico. E ela nos disse o seguinte:

“Bom, eu conheci o Hebreu faz um tempinho. Acompanhava o blog, mas só conheci ele numa comunidade da G-Unit. A gente sempre trocou várias idéias. De uns anos pra cá, eu gostava bastante de escrever, e mandava uns textos pra ele. Como ele tava sozinho no blog fazia 10 anos, por nossa visão ser a mesma sobre o mundo, com algumas divergências, mas nada que me impeça de falar por ele, e ele por mim; ele me convidou pra fazer parte do blog. E aí desde então, a gente é basicamente irmão (risos). Ele é uma pessoa incrível, tranquilo, inteligente, bom coração, e eu nunca vou esquecer que ele me trouxe pro mundo blogueiro, porque era uma época que eu estava fodida psicologicamente, não que ainda não seja (risos) mas era mais. E ele confiou em mim pra isso, e me abriu várias portas de oportunidades e amizades. O Hebreu é bem bravo com algumas questões, e não tá nem aí se a opinião dele vai afastar interesses, ele nunca faz nada por interesse. Ou é pelo hip hop ou não é. Essa liberdade que eu tenho no blog é muito disso, ele quer qualidade pra quem quiser qualidade, independente se é 1 ou 100. Na vida, ele é muito protetor (risos). Eu sou um pouco inconsequente, e ele me barra, me aconselha, tenta frear. É inteligente, gosta de saber sempre sobre as coisas e não ficar parado. Meu amigo é foda.”

O que você pensa sobre isso?

Hebreu:  A Ana é foda! Não sei se sou tudo isso que ela fala, mas ela é de grande importância no NP. A entrada dela trouxe qualidade. Os artigos opinativos dela tem uma qualidade monstra. A gente praticamente tem a mesma ideia, com a diferença que eu escuto trap (risos). A entrada dela deu um gás.

Eu pensava de, quando o NP fizesse 10 anos, encerrar. Eu já estava de saco cheio, não virava dinheiro e eu via que [matérias sobre] fofoca no rap trazia mais visibilidade do que uma matéria séria. Eu fazia algumas entrevistas e pouca gente via, enquanto matérias sobre fofoca geravam vários compartilhamentos. Isso tudo foi desgastando.

Uma vez recebi uma mensagem no inbox de uma pessoa de quem eu tinha feito divulgação no NP me agradecendo porque aquela matéria possibilitou a essa pessoa um clipe. Uma produtora viu a matéria, se identificou com as ideias, e a convidou a pessoa para gravar seu primeiro clipe. Depois disso eu percebi que o que eu fazia tinha certa relevância.

A Ana, algum tempo depois, começou a me mandar umas matérias foda e aí começamos. Quando ela entrou, o NP ficou mais político ainda! A ideia dela era transformar o NP num portal cultural. Ainda não chegamos nisso, mas é um projeto nosso. Com a entrada da Ana, o blog mudou e melhorou a qualidade e ficou mais dinâmico. Ela diz que eu a barro mas, na real, é o contrário: hoje em dia eu não xingo mais os eleitores do Bolsonaro. Ficou mais profissional. Eu é quem agradeço a Ana ter aceitado o convite. E, voltando, ela foi peça fundamental para o NP não acabar, como eu tinha planejado anteriormente. Não digo isso para puxar o saco dela, mas é real.

BF: Antes de fechar, queria te perguntar rapidamente: – Um livro (ou quadrinho, ou mangá)? – Um filme (ou série, ou Anime)? – Uma música indispensável? – Uma pessoa ou personagem que te inspira?

Hebreu: Dois livros, ambos do Alex Haley: a Biografia do Malcom X e o livro “Raízes” que, para mim, são os livros que mais me marcaram. Um filme, além do “Pantera Negra”, é o “Escritores da Liberdade” que tem uma história muito foda. De música, por conta do contexto atual: “Racistas Otários” do Racionais.  Uma pessoa que me inspira, além dos meus pais que foram fundamentais para mim, é o Mano Brown.  Não é que eu me inspiro nele ,mas eu concordo com tudo que ele fala. Não sei se é porque eu ouvi muitos sons dele ou forque eu sou fã, mas me identifico muito com ele.

BF: Para fechar, quais mensagens você gostaria de deixar para quem está lendo essa entrevista e para quem acompanha o seu trabalho?

Hebreu: Antes de tudo queria agradecer a você. Ser entrevistado por você para o Bocada é a realização de um sonho. Um site que eu admiro pra caramba, que é referência pra mim. O conteúdo do NP só é tão politizado graças ao Bocada.

A mensagem que eu queria deixar é para que as pessoas leiam mais, se informem mais, questionem mais. Vamos deixar as tretas de lado. “Trap ou Boom Bap?” Foda-se! Tá pior do que na época do “guardinha vs. Underground”. Vamos nos unir. Não é tempo de guerra. Aliás o Hip Hop só nasce porque um membro do Black Panthers disse que, em plena época de briga de gangues, que “o nosso inimigo é outro”. Então, pensando no contexto atual, se eu sou do boom bap, meu inimigo não é o mano do trap. Nosso inimigo é o sistema.

E também vamos desligar o Netflix. Nada contra a sua série, mas vamos assistir um documentário, vamos nos informar sobre política porque o bagulho tá doido.  Então vamos nos informar para que daqui quatro anos possamos ter um cenário eleitoral diferente.

E não posso fechar a entrevista sem soltar a frase famosa: FODA-SE O HYPE, FOGO NOS RACISTA.

Leia também:

-> “Esta é para você, periférico do rap: Na Dúvida, siga sempre na esquerda!” (por Anderson Hebreu)

-> “Como uma gangue porto-riquenha, um membro dos Black Panthers e a morte de um jovem líder negro foram a faísca na criação do Hip Hop?” (por Anderson Hebreu)

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