Acervo BF | Resenha do primeiro álbum da Nega Gizza, ‘Na Humildade’

Publicado em 08.10.2002, última edição em 01.10.2020

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Capa do álbum, digitalizada do nosso acervo

Artista: Nega Gizza
Título: Na Humildade
Gravadora: Zâmbia / Dum-Dum Records

Esse é o 1º trabalho solo da Nega Gizza. Ganhadora em 2001 do Prêmio Hutus de melhor demo com a música “Prostituta”, esse ano ela espera ser lembrada na categoria de melhor grupo feminino, revelação e melhor vídeo clipe.

O disco é simples e honra a palavra ‘humildade’ no título, poucas fotos, poucas participações e no encarte apenas poucos agradecimentos, a ficha técnica das músicas e do disco.

A faixa que abre o disco é “Filme de terror” boa letra em que Gizza canta – “ó Maranhão! Terra dos pretos transformados em capachos / ó Salvador! Terra dos pretos já domados aos laços dos carrascos / descruze os braços, siga meus passos / o som é o Rap esse é o compasso” se referindo ao domínio dos Sarney e dos Magalhães nesses estados, deu pra perceber que ela não está de brincadeira.

Assista ao vídeo da música “Depressão”

Em “Larga o bicho” ela assume seu preconceito (entenda melhor do que se trata lendo a entrevista) ao lado de uma das melhores vozes da Música Preta brasileira, Ieda Hills, que mandou muito bem na rima. No disco Gizza canta duas músicas escritas por M.V Bill: “A verdade que liberta” (se eu não me engano tem um documentário do Hip-Hop carioca com esse mesmo nome), produzida por Zé Gonzales e Daniel Ganja Man e tem a participação de M.V Bill; outra letra escrita por ele e com a sua participação no refrão e de sua irmã K-Milla mandando a rima, é a faixa “Inconstante” (a música não entrou no CD do Bill por falta de espaço) muito parecida com a faixa “Inconstitucionalissimamente”, aliás o instrumental é o mesmo, do disco do autor da letra, todas as rimas terminam em “ente”, essa é a que eu mais gostei. Produção de Zé Gonzales e Daniel Ganja Man, que produziram 6 das 12 faixas do disco.

Foto da parte de trás do encarte, digitalizada do nosso acervo

Em “Neném” Gizza conta a triste história do seu irmão, que se envolveu com o tráfico e foi assassinado no morro. Uma faixa antes dessa música, “Caminhada 1”, ela faz um depoimento como se estivesse no local em que ele foi assassinado. Em “Caminhada 2” ela faz mais um depoimento sobre a participação em uma invasão de terra, onde viria a morar. A última faixa é “Original” tem a participação de MV Bill, R&B em que Gizza mostra que não é só mandando a rima que ela é boa. As outras faixas do disco são: “Depressão”, “Prostituta”, “Brilho perfeito” e “Fiel bailarino”.

Não há dúvidas de que Gizza será lembrada no prêmio Hutus como melhor grupo feminino de 2001-2002 e tem tudo pra ganhar, pois foi a única mulher que lançou um disco nesse período. Se ganhar ou for indicada será o reconhecimento não só do seu talento, mas também o de uma dupla de produtores que vêm fazendo os melhores trabalhos do Rap brasileiro nos últimos anos, Zé Gonzales e Daniel Ganja Man. O disco também teve a produção de DJ Luciano e DuDu Marote. Confira a entrevista com Nega Gizza onde ela fala mais sobre o disco, sua relação com M.V Bill, o início de sua história no Rap, prêmio Hutus e muito mais.

Contato de shows: 0xx(21) 3902.0029 / 3350.9642
Vendas: Hutus 0xx(21) 2450.5125 / Zâmbia 0xx(11) 6236.3071

Assista ao vídeo da música “Prostituta”

Errata – Retificação referente a resenha do disco do MV Bill: Escrevi na matéria indicada (LEIA AQUI) que as datas do Prêmio Hutus pareceram terem sido mudadas para que o disco do rapper carioca participasse da premiação. De acordo com Celso Athayde (empresário do Rapper e organizador da premiação), o disco foi lançado dia 22 de agosto. Portanto está dentro do prazo, que continua sendo de 05 de agosto de 2001 à 05 de setembro de 2002. Após entrar em contato com a organização, descobrimos que houve um erro de digitação e alguns jurados receberam o documento com a seguinte data: 05 de agosto de 2001 à 28 de setembro de 2002. Peço aos leitores que entendam e fica valendo a 1º data citada nessa observação, que é a mesma dos anos anteriores.

Ouça o álbum completo | Leia a entrevista exclusiva com Nega Gizza



 

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