Carregando agora
×

INTERNACIONAL | MCK e as SEMENTES, por Israel Neto

INTERNACIONAL | MCK e as SEMENTES, por Israel Neto

ESPALHA --->

Reu_MCK_01-scaled INTERNACIONAL | MCK e as SEMENTES, por Israel Neto
Israel (Réu) e MCK, foto por Katro Ungila

Matéria de Israel Neto (Mano Réu)

Em promoção do novo álbum, MCK, se utiliza dos formatos de CD e vinil para ampliar suas reflexões e diálogos com a sociedade angolana e o mundo.

Em meados de agosto de 2024, recebemos em nosso país, o maior nome do Rap Angolano, pelo menos nos últimos 10 anos, estou falando de MC Katrogi, ou simplesmente, MCK. O artista, filosofo e advogado nos ensina que talvez o Rap precise olhar para a África para retomar seu contato com as bases.

No dia 25 de agosto de 2024, Kappa e eu nos reunimos com mais de 30 jovens angolanos que vivem aqui no Brasil e foram matar a saudade da sua terra e ouvir sobre o novo álbum de MCK, ‘Sementes’. Eufóricos e felizes por estarem tão perto de um artista que representa suas vozes não só em Angola, mas no mundo, o público interagiu, compartilhou suas angústias e apreço pelo artista. Porém o que me traz aqui, é refletir sobre o discurso e prática de MCK na sua relação artística e ativista como voz de contestação, não só ao partido político que há mais de duas décadas governa o país, mas uma noção de poder longevo, intocável e onipotente.

O discurso é sempre conduzido pela forma e MCK, autor de outros 4 álbuns de estúdio, não deixa a desejar nessa nova obra, ‘SEMENTES’, mesclando novas vozes da cena musical angolana, instrumentos orgânicos e línguas nacionais. Em meio a conversas que, segundo o próprio MC, refletem também essa sua nova fase de operador do direito, vimos no álbum reflexões sobre a masculinidade e paternidade, a força da corrupção em meio ao sistema político angolano, os costumes e práticas da colonização que ainda rondam, principalmente, a relação trabalhista em Angola, a herança cultural e o pioneirismo do continente africano, entre outros temas.

MCK_01-scaled INTERNACIONAL | MCK e as SEMENTES, por Israel Neto
Foto por Katro Ungila

Seguindo na contra mão, MCK fabricou mídia física, CDs, e com esse material tem promovido esses encontros não só aqui no Brasil, mas também em Portugal, Moçambique e claro, em Angola.

MCK, não é da primeira geração de rapper e hip-hoppers de Angola, mas sem dúvida é o que tem carreira mais duradoura e que mais circulou pelo mundo, sendo assim seria cômodo ou aceitável para o rapper, que exerce diversas atividades extras musicais, inclusive a de empresário, investir em uma estética menos política para sua música, dizer que já contribuiu na causa, entre outros discursos retóricos tão típicos em épocas onde forjamos nossas posições para não perder oportunidades de negócios e nos comprometermos, adotando a falsa ilusão do neoliberalista em que o artista com mais views e cachês proclamam que venceram na vida (dos mesmos criadores do “a favela venceu”).

E aí está o cerne deste breve artigo, MCK empresta sua voz, mesmo com certa estabilidade no cenário musical e na sociedade angolana, para continuar na busca de uma condição igual ao seu povo, e se os meios mais modernos não proporcionam que sua mensagem chegue, ele se utiliza da mídia física para fazer chegar e além disso, não se furta de estar tête-à-tête com seus iguais, longe dos holofotes.

Em sua visita no Brasil, MCK foi para Pernambuco e Bahia, sua primeira ida a cidade mais negra do mundo fora da África, e aqui em São Paulo realizou além deste lançamento uma audição particular com os Racionais MCs.

MCK_02-scaled INTERNACIONAL | MCK e as SEMENTES, por Israel Neto
Foto por Katro Ungila

Logo após sua volta para Angola em meados de agosto de 2024, MCK realizou mais um feito histórico, se tornou o primeiro Rapper e MC angolano a lançar sua obra em disco de vinil! Estimulando ainda mais a escuta musical como uma experiência, além de garantir a qualidade musical do álbum, agora também imortalizado em vinil.

Sobre o futuro, MCK segue divulgando e promovendo o álbum ‘Sementes’ com vídeo clipes, shows e o lançamento do disco de vinil. E quem sabe em breve concorrer há algum cargo político, ação não negada por ele quando perguntado pela plateia aqui em São Paulo.

Já eu, continuo a me inspirar no Rap Angolano como ponte de ligação com nossas africanidades e produzo junto ao Kappa uma obra onde apresentaremos ao público brasileiro a história contemporânea de Angola por meio das letras dos álbuns e singles deste grande artista!

O futuro é Ancestral, é africano, então Hip-Hop, bora voltar ao continente Mãe!

OneLove

Ouça o álbum ‘Sementes’ – clique aqui para escolher a plataforma