Elas No BF | Artista Gabi Bruce retrata a força feminina em edifício no Capão Redondo

Arte feminina é registrada nas paredes do edifício onde não existem janelas

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Foto da arte na empena do prédio por Érica Bastos

São Paulo, zona sul, Capão Redondo, estrada de Itapecerica. É na beirada, na periferia da maior cidade do Brasil que um grande painel foi construído por mulheres, negras e periféricas.

“Se avexe não. Dias Mulheres Virão!” é um projeto de intervenção urbana que destaca a importância das mulheres negras, de nossas raízes matriarcais e da atuação feminina na periferia.

Mulheres nordestinas como emboladoras, repentistas, cordelistas, sanfoneiras, poetas populares, mães, avós, tias, madrinhas, irmãs, filhas, benzedeiras e curandeiras, Iyás e ekedis., todas elas são a grande referência e inspiração para esta arte

“Se avexe não. Dias Mulheres Virão!” é realizado dentro do projeto MAR – Museu de Arte Rua da Secretaria Municipal de São Paulo, uma iniciativa que pretende aprimorar a vocação da cidade de São Paulo em criar arte urbana, tentando trazer mais representatividade para nossa cultura, tentando dialogar mais com o gueto.

Filhadarua e Gabi Bruce, foto por Érica Bastos

A produção é da Mamakilla, uma coletiva de mulheres negras, artistas urbanas, que luta contra o racismo e o machismo dentro da Cultura Hip Hop, a coletiva usa a arte, o Graffiti, a fotografia e a literatura como ferramentas de comunicação, protesto e visibilização. É urgente e importante que mulheres se organizem e se juntem para mostrar sua arte e seus fazeres. Num mundo tão opressor e machista, as mulheres se veem sufocadas e exaustas, mas encontram em outras mulheres forças e apoio para continuarem a caminhada e inspirarem e abrir caminhos para as próximas gerações.

A artista urbana Gabi Bruce, idealizadora do projeto e que está á frente da coletiva Mamakilla, é pernambucana, de Recife, está em São Paulo há 5 anos, é mãe, produtora, e foi ganhadora do Prêmio Sabotage de Hip Hop, categoria Graffiti, na edição de 2019.

A multiartista Filhadarua, do Capão Redondo, também assina a construção da empena. Bruce tem um trabalho muito conectado com o nordeste e com sua ancestralidade negra. A artista aponta a relevância de realizar uma empena tendo mulheres como referência.

Foto de Érica Bastos

“Acredito que visibilizar o trabalho artístico de mulheres negras periféricas em suas próprias regiões é de suma importância. Para além de reconhecimento da contribuição artística e cultural, a valorização financeira dos nossos trabalhos. Representar a força ancestral feminina nordestina presente na cidade de São Paulo é falar de nossas avós, mães, madrinhas, tias. Mulheres que são pilares de nossas famílias, é proporcionar referências de força e resistência para nossas meninas, nossas crianças”

A empena é um grande presente para a periferia e para as mulheres, num momento em que os casos de feminicídio são assustadores, e em que artistas agressores ganham mais seguidores nas redes sociais,  ter um grande painel que represente o poder feminino preto é uma esperança.

https://www.youtube.com/watch?v=ISjcJAeOyq8
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