Elas são mulheres, pretas e periféricas. Elas vem de um lugar de invisibilidade e encontram na rua, no Rap e no Graffiti significados para sua existência
O Hip Hop é uma ferramenta de denúncia racial, social e de gênero também, embora, infelizmente o machismo ainda esteja muito presente na cultura.
CRIAH, Filhadarua e Miranda são mulheres multiartistas, jovens, trabalhadoras e estudantes que estão no corre, como muitas mulheres, o que elas tem em comum é ter utilizado a rua e o Hip Hop como fontes de inspiração e ressignificação de suas existências.
A rua é perigosa para a mulher, pois o corpo feminino é tratado como um objeto, sendo um objeto pode-se fazer o que quiser com ele. São muitos fatores que intimida e faça com que as minas pensem duas vezes antes de irem para rua, mas isso não as intimida, as minas ocupam cada espaço e tentam aproveitá-la da melhor forma possível, participando ativamente da construção de uma cultura por exemplo.
CRIAH
Laura Vitória Arcanjo, ou CRIAH, tem apenas 19 anos, mas desde os 14 escreve letras de Rap, entretanto, somente em 2020 teve a oportunidade de entrar num estúdio para gravar suas rimas.
O Graffiti também é sua forma de expressão com personagens e bombs. O Hip Hop está na sua essência e ela explora a cultura da qual se identifica.
A artista tem letras que fala de seu corre como mulher suburbana e como faz para correr atrás de seus sonhos sendo artista independente. O Hip Hop é a força que usa para mudanças e evolução das quebradas. Já gravou 4 videoclipes que estão disponíveis no Youtube “Na madrugada”, “No corre”, “Contrastes do mesmo plano” (assista abaixo) e “O futuro é karma”. Sua arte com o Graffiti está espalhada pelos muros cidade de São Paulo.
Filhadarua
Beatriz Araújo mais conhecida como Filhadarua, é do Capão Redondo, zona sul de São Paulo, seu envolvimento com a arte começou pela rua, especificamente com a pichação, da qual usava como uma forma de se encontrar e se conhecer. Depois percebeu que a rua também poderia ser um palco para suas ideias e aspirações, então chegou ao seu trampo como grafiteira, onde a natureza e necessidade de preservá-la é sua fonte de inspiração.
Foi criada pela sua mãe e sua avó em um ambiente feminino e forte, onde encontrou o apoio para ir atrás do que realmente acreditava, é formada em Direito e usa o Hip Hop como forma de expandir suas ideias e de quebrar a invisibilidade que mulheres negras e periféricas sofrem desde sempre. Entendeu que o Rap poderia também ajudá-la a chegar em mais pessoas acreditando que através de suas letras poderia empoderar outras minas e ser referência para muitas outras. Lançou no final de 2020 sua primeira música, a ótima “Bem localizada” (ouça abaixo), produzida por Vinicius Costa (Vinni OG Beatss).
Miranda
Também do Capão Redondo, Miranda é mulher preta periférica, dread maker, rapper e grafiteira, encontra nos elementos do Hip Hop e na rua uma maneira de dar vasão às suas ideias e por em prática seu espírito artístico. Para ela a junção, tinta, rua e Rap a ajudam a dar voz às mulheres.
Seu início no Rap foi nas batalhas de rimas, onde Miranda colava para fazer folhas de tag e pixo, um dia recitou uma de suas poesias e entendeu que sua escrita se encaixavam bem em batidas, a partir daí Miranda decidiu que o Rap poderia também fazer parte da sua forma de expressão artística. A música vem da influência de seus pais, pois cresceu ouvindo samba e Rap.
Seus lançamentos mais recentes, foram em parceria com a produtora Só Salada Produções, a Cypher “Estamos vivos”, que fala sobre o Rap ser uma ferramenta de protesto para as comunidades e o vídeoclipe “A braba” (assista acima), trap que mostra a sua auto confiança e como artista aposta em seu talento.
[…] ganhadora do Prêmio Sabotage de Hip Hop, categoria Graffiti, na edição de 2019. A multiartista Filhadarua, do Capão Redondo, também assina a construção da empena. Bruce tem um trabalho muito conectado […]