As minas mostram sua arte no Graffitiqueens Festival

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A Escola Municipal Antonia e Artur Begbie, em São Paulo, foi palco do Graffitiqueens Festival, evento que reuniu pela primeira vez grafiteiras de vários estados do Brasil, incluindo Amazonas, Pará, Maranhão, Bahia e também artistas de países latinos, como Colômbia, Chile, Argentina e Uruguai.

O festival, realizado entre os dias 5 e 7 de julho, ocorreu no bairro Itaim Paulista, extremo leste da capital paulista, e foi organizado pela grafiteira Chermie. Graffitiqueens é um festival pensado por mulheres, organizado por mulheres e feito para mulheres.

A ideia de Chermie surge com a percepção de que os trampos das minas nas plataformas digitais quase não aparecem. Mesmo com muitas delas atuando no Brasil, os trampos dos homens são mais visibilizados. Uma outra questão que Chermie observou é o fato das artistas aparecem, muitas vezes sob olhar masculino, em muitos casos um olhar sexista.

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“Eu criei o Graffitiqueens para divulgar os trabalhos das mulheres, a partir daí começamos a entrevistar mulheres influentes dentro do graffiti nacional e mundial e depois de um tempo comecei a perceber que tem poucas mulheres nos grandes eventos de graffiti no Brasil”

Chermie chama a atenção para a necessidade em se fazer um recorte nos eventos de graffiti, contemplar mulheres negras, indígenas, mães, estrangeiras, criando espaços onde a artista possa deixar seus filhos acolhidos, por exemplo.

Organizadores de grandes eventos de graffiti dificilmente pensam nessas questões. Outro ponto é o machismo, o assédio sempre está presente, o que faz muitas artistas não se sentirem à vontade nos espaços. Muitas tem o histórico de violência em suas vidas, e sabemos que a rua ainda é um ambiente hostil para as mulheres.

“Os grandes eventos são sexistas, os caras assediam muito as grafiteiras, as mulheres não se sentem a vontade nesses espaços que tem 60 homens e uma mulher”, afirma Chermie.

O Graffitiqueens Festival teve oficinas de graffiti para crianças, mesas de debates sobre os rumos do graffiti, discotecagem com artistas mulheres, a presença de produtoras do audiovisual, fotógrafas, mulheres envolvidas desde a concepção até cobertura. Também rolou aulas de yoga, num ambiente de acolhimento e de fortalecimento, o primeiro feito no Brasil.

“Como é o primeiro evento nacional e só de minas, fortalece nosso corre, a gente está na cena, a gente está se organizando para fazer nossas coisas, e nós sempre ficamos meio à margem nos outros espaços, e o Graffitiqueens é um evento só nosso, feito pela gente, pra gente”, comenta Lara, grafiteira integrante do PPKrew, coletivo do Rio de Janeiro, formado também pelas grafiteiras Lolly, Amora, e Klein, que também possuem uma loja de artigos para graffiti chamada Dona Bomba Shop.

Eventos como este mostram que as mulheres organizadas podem fazer muito por elas mesmas e chamam a atenção para que outros organizadores façam os recortes necessários para que o machismo e o preconceito racial sejam combatidos.

Sigam: @graffitiqueens@chermiearts@inkidudu

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