O engajamento e a arte das Minas de Minas

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Minas De Minas (9) (Copy)A crew MINAS DE MINAS foi criada no ano de 2012, com o intuito de expandir o interesse do graffiti e street art, despertando assim, o interesse no público feminino para juntar-se ao movimento. Minas de Minas é uma crew de graffiteiras oriundo de Belo Horizonte/MG, formado por Krol, Musa, Nica e Viber. Ambas já eram graffiteiras em atividade e desejaram colocar em prática o projeto, trazendo uma união de forças que se faz notável em todos os aspectos, já que é cada vez mais necessário o empoderamento das mulheres, principalmente quando se encontra á frente de algum tipo de movimento. Com uma mescla de opiniões e ideais a crew MINAS DE MINAS inovou a cena com sua formação integralmente feminina. Um dos objetivos das Minas é compartilhar e adquirir experiências em outros estados e países, se tornando também uma referência para o crescimento da cultura Hip Hop, desempenhando um papel de destaque como parte da cena feminina de Belo Horizonte. O BF trocou uma idéia com a crew para saber mais sobre o trampo e a cena do Hip Hop de MG.

Bocada Forte – Quando começaram a Graffitar e como descobriram esse universo dentro do Hip Hop?
Minas de Minas: Cada integrante teve um ponto forte e marcante que levou a pensar no graffiti como arte e estilo de vida. Umas na infância já pelo habito de desenhar, ou mesmo por já está dentro da cultura hip hop ouvindo rap, frequentando festas, por pequenas referências como os amigos de bairro, por apoio da família e até mesmo através de outros estilos dentro da street art.

Minas De Minas (14) (Copy)Bocada Forte – Vocês tem uma vida pessoal a parte do graffiti. Como é conciliar estudos e trabalho com a paixão pela cultura?
Minas de Minas: Como toda mulher, achamos tempo para tudo! Conseguimos conciliar família, relacionamento, estudos e a rotina do dia a dia marcando com antecedência e tendo uma agenda dos nossos murais e filmagens. Além do graffiti, sempre que possível estamos nos movimentos como shows, festas e intervenções que contemplam a cultura Hip Hop como espectadoras.

Bocada Forte – Vocês inovaram na criação de uma crew 100% feminina dentro do Graffiti. Isso nasceu de algum tipo de necessidade? Rolou algum tipo de descriminação pelo fato de serem mulheres em um território quase que todo masculino, ou foi pela vontade de trabalharem juntas que isso ocorreu?
Minas de Minas: A crew foi criada em 2012, onde todas as integrantes graffiteiras em atividade desejavam expandir a ideia de que novas mulheres pudessem se juntar ao movimento. A nossa cidade ainda hoje, encontramos poucas mulheres em atividade nas ruas e percebemos que juntas daríamos forças a novas mulheres a serem graffiteiras e ocuparem o espaço público com liberdade. Sentimos a necessidade de unir nossas forças e ideias, que tem como objetivo ser um movimento de frente dentro do graffiti nacional. E cada vez mais é necessário o empoderamento do ser mulher, principalmente quando se está a frente de algum movimento. Ser mulher nas ruas não é fácil, queremos expressar o que sentimos através da nossa arte nas ruas e demonstrar que a união faz a força. São estilos diferentes de arte, mas ideologias iguais. Mostrar que a arte deve ser livre e atingir a todos que muitas vezes são analfabetos de arte nas grandes metrópoles.

Bocada Forte – Tem algum muro ou pico que vocês graffitaram, que quando finalizaram vocês pensaram: “esse nós arregaçamos”?
Minas de Minas:
Sim, teve um muro que gostamos muito e conseguimos conectar bem os nossos graffitis, que foi o do eventos em São Paulo o “Graffiti Contra Enchente”.

Bocada Forte – Quando estão graffitando, tem alguma trilha sonora, costumam ouvir algo pra relaxar no momento? O que cada uma houve? Ou preferem que o barulho da cidade faça sua parte?
Minas de Minas:
O barulho da cidade faz parte e interage todo o tempo com o nosso trabalho. Brincamos muito quando estamos pintando, lembrando de músicas bem antigas que fizeram parte da nossa adolescência ou músicas atuais que achamos engraçadas e começamos a cantar e rir muito. Mas o que faz parte da nossa trilha sonora nos muros é o bom e velho Hip Hop ou mesmo um samba. Vai do momento!

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Bocada Forte – De vários eventos e bienais que participaram, algum ficou marcado pra vocês? Seja na forma que a arte de vocês foi exposta ou pelo destaque que recebeu.
Minas de Minas: Todos os eventos que participamos e somos convidadas marcam de alguma forma. Seja pela recepção, novos amigos e aprendizados ou experiências trocadas.

Bocada Forte – Como é este trabalho de desenvolvimento social que realizam junto a crianças e adolescentes.
Minas de Minas:
Além dos graffitis nas ruas, ministramos oficinas para atender crianças e adolescentes a conhecerem não só a street art e mundo do graffiti, mas também a cultura hip hop e a importância dos quatro elementos. Fechamos um projeto onde foi ministrada oficinas pelas integrantes Viber e Krol. O projeto das mina, para adolescentes meninas, que formou 11 jovens da comunidade Paulo VI em street art.

Minas De Minas (5) (Copy)Bocada Forte – Nos fale sobre o cenário Feminino do Hip Hop em Minas Gerais?
Minas de Minas: Hoje o cenário feminino vem conquistando cada vez mais o seu espaço. O Hip Hop para nós sempre foi uma cultura de coletividade. Quanto mais nos unirmos mais seremos fortes para alcançar espaços. Hoje em Minas Gerais, percebemos que nos quatro elementos do Hip Hop temos grandes representantes que vivem a cultura de corpo e alma e as mulheres por sua vez não deixam a desejar, tornando-se cada vez mais profissionais e experientes naquilo que fazem e abraçam. As mulheres que ocupam essas diretrizes se tornam grandes ícones e referencias para aquelas que se simpatizam ou que sentem vontade de se expressar em alguma vertente dessa cultura. A mulher no Hip Hop é sinônimo de empoderamento. Isso é de grande valor e representatividade.

Bocada Forte – Muitos dizem que os protestos contra o machismo são coisas de “feminazi”. O que acham disso?
Minas de Minas: O machismo existe em qualquer lugar! Principalmente, como diz o ditado quando “você coloca a cara para bater” a frente de alguma proposta. Atualmente, a aceitação dos homens – e especificando esses “homens” como grafiteiros atuantes da cena – é em sua maioria bastante respeitosa. A mulher no graffiti, como na cultura Hip Hop, sempre deixa claro a que veio e isso é bem compreendido no meio. Mas existe – não só homens – que discrimine o fato de uma mulher “não seguir os padrões”. Por isso, muitas vezes recebemos agressões verbais, principalmente de transeuntes que não aceitam o fato da mulher ocupar o espaço público e estar nas ruas, com palavras desrespeitosas de cunho ofensivo e invasivo. Já ouvimos muitas critica, ao ponto das pessoas não acreditarem no nosso potencial, no que somos capazes de fazer sozinhas. É um “tapa de luvas” quando veem nossos painéis prontos, quando veem a gente de 7:00 da manhã as 20:00 da noite no muro. A resposta está nos nossos trabalhos e na disciplina. As dificuldades, em sua maioria, são encontradas na vivência na rua, nas experiências e em situações que muitas vezes dependem das pessoas no entorno, seja uma situação de perigo em que, por ser mulher alguém se acha no direito de roubar seus sprays, fazer ameaças e até dizer palavras desrespeitosas. Os desafios da rua são os mesmos entre homens e mulheres, o fato que agrava é só da “libertinagem” que as pessoas acreditam ter por você ser mulher. Fora isso, fazemos os mesmos trabalhos e traçamos objetivos parecidos, como participar e estar presente em eventos, exposições e espaços ministrando oficinas. A necessidade de divulgação dos trabalhos e a posição no meio partem de cada artista.

Bocada Forte – Algum projeto em andamento, ou planos futuros?
Minas de Minas: Sim, para 2016 estamos com o projeto Minas de Minas convida onde convidaremos para pintar conosco
vários artistas de Belo Horizonte, expandindo posteriormente para outras cidades. Teremos também o lançamento de algumas peças e estampas com a marca Minas de Minas, além de nossa participação em vários eventos de graffiti pelo Brasil.


Bocada Forte – Qual foi o mais trabalhoso muro / painel que vocês fizeram?
Minas de Minas: Nosso ultimo trabalho para o projeto Telas Urbanas. Fomos convidadas pelo Museu de arte da Pampulha, realizado em Belo Horizonte. Trabalhamos a temática sobre o consumismo excessivo e uma reflexão feita em cima da perda dos pequenos prazeres na vida das pessoas

Bocada Forte – O que o Graffiti representa na vida de vocês?
Minas de Minas: Essência e amor pela arte. Transmitir a muitos o que as ruas, as mulheres querem expressar

Colaboração: Nerie Bento e DJ Cortecertu

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