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#NovosSamples: Uma conversa com Kaos Beats

Fotos: Imagens criadas por AI/Instagram do Artista

Na sexta (19), o BF recebeu uma mensagem da assessoria do rapper Felp22 (Cacife Clandestino). Era uma nota sobre o lançamento do seu novo álbum. Colei no Spotify e vi que o artista tem mais de um milhão de ouvintes mensais. 

Já no sábado (20), ouvi os sons do beatmaker Kaos Beats no Soundcloud. O mano já tinha entrado em contato comigo em março, na mesma semana que outro beatmaker, o Ostracyzmo, também me chamou no direct para falar de seus trampos. Juntos, Kaos Beats e Ostracyzmo não tem nem 5% do alcance que Felp22 possui nas plataformas de streaming. 

Em uma troca de ideias sobre o universo do Rap brasileiro via Google Meet, Kaos Beats, morador da cidade de Pindamonhangaba (SP), revelou suas experiências de apreciador do gênero. O mano, que viajou diversas vezes para a capital paulista para ter mais informações sobre o Hip-Hop nos anos 2000 , abordou a evolução do Rap, as interações culturais e as lutas enfrentadas por aqueles que dedicam suas vidas a esse movimento.

Ao longo dos anos, o Rap brasileiro se estabeleceu como uma voz da periferia, uma narrativa autêntica que ecoa as tretas, as esperanças e as realidades das comunidades marginalizadas, mas demorou para ter essa virada popular  atual e ser economicamente viável para a indústria. 

Kaos Beats, que gosta do Facção Central e tem a música “A vingança”, do grupo Face da Morte, como um dos primeiros Raps que o emocionou, falou sobre a importância das festas, dos bailes e dos eventos de rua como espaços de socialização, aprendizado e construção de identidade na época que começou a se interessar pelo Rap.

Eu falei sobre minhas influências e meu gosto eclético, que vai desde os clássicos do DJ Premier até a energia do punk rock. Essa diversidade musical não apenas enriquece nossa experiência pessoal, mas também reflete a natureza plural e inclusiva do rap brasileiro, que, numa apropriação reciclada, absorve influências de diversas fontes para criar algo único e original, apesar de estarmos cercados de cópias e mais cópias.

Nossa conversa também abordou os desafios e as discriminações enfrentadas pelos artistas de Rap ao longo dos anos. Desde a marginalização social até os estereótipos culturais, o Rap brasileiro muitas vezes lutou para ser reconhecido e respeitado como uma forma legítima de expressão artística. No entanto, é essa mesma luta que fortaleceu a cena, que ainda une artistas e militantes em uma missão comum de resistência e autenticidade. 

Já quase no fim do conversa, surge uma discussão sobre o papel das redes sociais, das plataformas de streaming e da identidade cultural. Kaos, que produz beats desde 2016, afirma que, por um lado, essas ferramentas oferecem oportunidades sem precedentes para os artistas se conectarem com seu público e compartilharem sua música com o mundo. Por outro lado, elas também apresentam desafios, como a necessidade de se destacar em meio a uma inundação de conteúdo e a pressão para se conformar aos padrões comerciais. Nada é orgânico, tudo precisa de muita grana.

No entanto, apesar desses perrengues, nossa conversa termina em uma vibe de esperança e otimismo. Joguei uma pergunta no ChatGPT e veio a resposta: “O Rap brasileiro é uma força viva, em constante evolução, moldada pela criatividade, pela resiliência e pela paixão de seus praticantes”. Quanto otimismo! Mas é isso, a base está aí para mostrar que os que estão do lado de fora das festas das plataformas de streaming também têm o seu valor.

Conheça os sons de Hugo, o Kaos Beats. Atualmente o mano está na correria para comprar uma MPC…

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