Opinião: O Hip Hop quer @ jovem pret@ vivo pra quê?

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Antes de mais nada, tô muito bolado, angustiado, triste por tudo o que tá acontecendo. Não que não acontecesse antes, mas chega um momento que a consciência começa a gritar para a dor e o sofrimento cessar e seguirmos uma outra via.

Somos massacrados por uma política pública de Estado. Fato inegável. Fato concatenado ao racismo, pois racismo é estrutura e o Estado é a herança legal dos senhores escravocratas. Eles usam do aparato para manter o poder e não tem cerimônias em cercear, mutilar, matar e desovar os pret@s e os nativ@s.
Sou do Estado do Rio de Janeiro que foi capital do Império e da República. Logo com muitos pret@s para servir os imperialistas e republicanos. Existia um aparato para se controla esses pret@s e também existia a revolta desses pret@s. A polícia militar surgiu nesse período e até hoje cumpre esse papel.

Moro numa região do Estado do Rio que tem pelo menos 6 comunidades remanescentes de quilombos. Não foi uma região muito amistosa para os pret@s e continua não sendo. Sem contar os índios foram dizimados pelo Estácio de Sá e amigos, sendo hoje homenageado, com o nome de uma instituição de ensino.

Relato isso tudo para perceber o contexto que estamos inseridos e que simplesmente não dá mais para compactuar. Não dá mais para bater cabeça, nem ficar com discurso abstrato em busca de público consumidor. Os herdeiros dos senhores escravocratas têm nome e eles estão nos massacrando, nos moendo, nos dissecando em prol de uma política pública estatal de dominação.

O Hip Hop surgiu no contexto de minha vida no sentido de tornar grupos invisíveis em protagonistas de uma atuação, seja ela simbólica ou não. Uma verdadeira mudança de visão na cabeça de qualquer pret@ radicado no Brasil. Aprendi assim e assim vivo até hoje.

E sendo protagonista da minha própria história, aponto meus inimigos e do meu povo. Eles estão no Governo do Estado do Rio de Janeiro. Pezão, Beltrame, o resto dos secretários de Estado e o Comandante da Polícia Militar. Sem massagem e sem correr da raia. Eles comandam essa porcaria e não dá mais para ficar omisso.

Nenhum projeto partidário tem um projeto para nos manter vivos. Nenhum projeto partidário tem um projeto para nos fazer cidadãos. Nenhum projeto partidário tem condições de garantir o nosso direito de ir e vir. E se o Hip Hop quer realmente @s jovens pret@s vivos para ser protagonistas, se aliar com os herdeiros dos senhores escravocratas não dá.

Faço rap há 13 anos. Minha música não é popular e nenhum famoso disse que meu som é bom até hoje. Só que não dá mais para se esconder. Meus inimigos são esses e vou combatê-los com as armas que tenho. Quem sobe em palanque desses caras ou aparece nas propagandas dessa política tá sendo monitorado, principalmente os do Hip Hop.

Entenda, ninguém do Hip Hop é obrigado a nada, nunca foi, mas entendo que com essa política pública, o protagonismo é falso, pois a qualquer hora podemos ser mutilados, com traumas e perdas irreparáveis. Nem para consumir os produtos que alguns querem vender vai ter público.

Acredito não estar solitário, mas escrevo esse texto com dor, muita dor e me dispus a combater. Não é um manifesto, nem um chamamento, é um desabafo e se for morrer que seja perseguido, cercado, esmagado, mas lutando até a última gota…

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