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O Brasil se prepara para a 31ª edição do Grito dos Excluídos e Excluídas

O Brasil se prepara para a 31ª edição do Grito dos Excluídos e Excluídas

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“O sistema neoliberal é frio. Contempla as riquezas deste país para poucos. O que se vê é a concentração da riqueza nas mãos de quem vive da lógica da espoliação e exploração da classe trabalhadora”
D. Angélico Sândalo Bernardino, bispo da Pastoral Operária da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – 1995

 

Em 7 de setembro de 1995, enquanto o governo Fernando Henrique Cardoso comemorava a Independência, outro ato marcou a data no país. Na Basílica de Aparecida (SP), 45 mil pessoas participaram do primeiro Grito dos Excluídos, organizado pelas pastorais sociais da Igreja Católica sob o lema “A vida em primeiro lugar”.

A manifestação teve forte tom político e social. D. Angélico Sândalo Bernardino, bispo da Pastoral Operária da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), criticou abertamente a política econômica de FHC e denunciou a omissão do Congresso diante da reforma agrária. O bispo lembrou ainda o massacre de Corumbiara, em Rondônia, quando dez sem-terra foram mortos pela polícia. “Grande parte dos proprietários de terra está no Congresso e não está interessada em fazer a reforma agrária”, afirmou.

Caravanas vindas de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás e Rondônia deram corpo ao protesto, que se expressou com panelas, apitos e faixas contra o desemprego e a violência no campo.

Mesmo enfrentando resistência de setores conservadores da própria Igreja, o Grito dos Excluídos consolidou-se como um espaço de denúncia e mobilização popular. A iniciativa nasceu das pastorais sociais como desdobramento da Campanha da Fraternidade, ampliando a crítica às desigualdades e fortalecendo a articulação entre fé e luta social.

Neste 7 de setembro de 2025, o Brasil se prepara para a 31ª edição do Grito dos Excluídos e Excluídas, um evento que se destaca como uma resposta popular ao desfile cívico-militar do Dia da Independência. A manifestação, que ocorrerá em diversas cidades do país, busca dar voz às lutas dos trabalhadores e ressignificar a data, que muitas vezes é marcada por uma celebração vazia da independência, ignorando as realidades sociais e econômicas que afetam a população.

O lema deste ano, “Cuidar da Casa Comum e da Democracia é luta de todo dia”, reflete a urgência das questões climáticas e sociais que o mundo enfrenta. Rosilene Wansetto, integrante da rede Jubileu Sul, enfatiza a importância de trazer esses temas para as ruas, destacando a defesa da democracia e a resistência contra as ingerências do imperialismo. Essa conexão entre a luta ambiental e a defesa da soberania nacional é crucial em um contexto onde os direitos sociais estão sob constante ameaça.

Além dos atos tradicionais, o Grito dos Excluídos de 2025 também se mobiliza em defesa do Plebiscito Popular, que visa consultar a população sobre a redução da jornada de trabalho, o fim da escala 6×1 e a taxação dos super-ricos. Essa iniciativa é um passo importante para promover a participação popular e a construção de um Brasil mais justo, onde as vozes dos trabalhadores sejam ouvidas e respeitadas nas decisões que afetam suas vidas.

A programação em várias cidades inclui caminhadas, debates, vigílias inter-religiosas e expressões culturais, que reforçam a resistência popular através da arte. Esses momentos não são apenas uma forma de protesto, mas também uma celebração da cultura e da identidade dos que lutam por justiça social. 

Parte dos integrantes do hip hop e do rap brasileiro se alinhou a essas lutas, reconhecendo a importância das articulações contra as injustiças. Mesmo sabendo que muitos dos nossos irmãos estão desorientados “entre o prazer e o dinheiro”, não podemos esquecer quem são nossos verdadeiros inimigos.

Com informações do Brasil de Fato.