Acervo BF | Resenha: Mumia Abu-Jamal – ‘Ao Vivo do Corredor da Morte’

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Título: Ao vivo do Corredor da Morte (Live From The Death Row)
Autor: Mumia Abu-Jamal
Tradução: Edison Cardoni
Editora: Conrad Editora do Brasil, 2001

“Não me fale sobre o vale da sombra da morte. Eu vivo nele. Na região centro-sul da Pensilvânia, no Condado de Huntingdon, ergue-se um presídio centenário; suas torres góticas projetam um ambiente atemorizante, evocando o ar sombrio da idade das trevas. Eu e outros 78 homens permanecemos em celas de dois metros por três durante 22 horas por dia. As duas horas remanescentes podem ser passadas ao ar livre, numa jaula de correntes entrelaçadas, cercada por arame farpado, sob vigilância de torres armadas. Bem-vindos ao corredor da morte da Pensilvânia.”
Mumia Abu-Jamal (Dezembro de 1994)

Abuso policial, maus-tratos, cadeias super lotadas, racismo e injustiça. Não estou falando do Brasil ou de qualquer outro país de 3º mundo, mas sim da suposta maior democracia do mundo, a mesma que atacou os países de Sadam Hussein e Slodoban Milosevic por violarem os direitos humanos. Esses são os Estados Unidos da América (EUA), o maior fabricante de armas do planeta, país de maior população carcerária e o único a jogar a bomba atômica (duas) sobre uma nação.

Os fatos citados acima são relatados por Mumia Abu-Jamal direto do corredor da morte da prisão de Huntingdon, Pensilvânia, no livro ‘Ao Vivo do Corredor da Morte’. Na Pensilvânia os negros constituem 9% da população total e 60% dos prisioneiros no corredor da morte (censo do perfil racial e origem hispânica de junho de 1991). No país os negros são cerca de 11% da população total e 40% dos homens no corredor da morte (Death Row USA, NAACP Legal Defense and Education Fund, outono de 1994).

Números à parte, o que veremos nesse livro é que as propagandas que exaltam as qualidades da democracia na América Livre não refletem a verdade. Mumia relata, além do seu, diversos casos de injustiça e racismo, julgamentos a revelia, provas fabricadas, falsas testemunhas e as verdadeiras ameaçadas. Enfim, tudo que não condiz com a justiça, liberdade e os direitos humanos que os EUA tanto defendem.

Só para se ter uma ideia, ele relata o caso de um médico-legista que apresentava nos processos falsos exames de sangue e DNA em casos de estupro e assassinato, nos estados da Virgínia Ocidental e San Antonio. Esse mesmo médico atuou em mais de 4.500 casos nesses 2 estados, mandando para a prisão milhares de homens inocentes, que estão cumprindo penas centenárias, alguns no corredor da morte. O médico não foi acusado de ter violado nenhuma lei em nenhum dos dois estados.

Contracapa digitalizada – Acervo Bocada Forte

Esse livro é um balde de água gelada no orgulho americano, uma bomba que mostra o porque Mumia está há 18 anos no corredor da morte. A (in)justiça americana diz que em 1981 Mumia assassinou um policial branco. Mas o seu crime é outro, é ser a ‘Voz dos sem Vozes’ (como ficou conhecido por seu trabalho como jornalista no rádio), é ser negro em uma sociedade extremamente racista, é a sua resistência a um sistema que oprime aqueles que não aceitam as suas imposições. Mumia Abu-Jamal não é um preso comum, é um preso político assim como foi Nelson Mandela, como foram tantos brasileiros na época da ditadura, como são hoje os sem-terra e tantos outros militantes espalhados pelo mundo. ‘Ao Vivo do Corredor da Morte’ é uma prova contundente para realização de um novo julgamento, para provar a inocência de Mumia e para desmascarar a falsa democracia americana. Leia e seja bem-vindo ao 3º mundo.

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