Se o nosso povo não se unir, seremos todos destruídos. Precisamos ser unidos, agora mesmo, ou continuaremos no nada, seguindo essa estrada, onde nunca chegaremos a lugar nenhum. Muita coisa errada está acontecendo no rap. O nosso povo periférico dorme. Não estão percebendo, que a nossa cultura está sendo roubada por playboys, e que a nossa imagem, é sempre ocultada em todos os campos, por mais de 500 anos.
A tão suja supremacia branca, defendida por Hitler e seus seguidores, que domina a grande mídia global, quer nos aniquilar como insetos, nos envenenar com suas armadilhas espalhadas por todos os cantos, nos deixando sempre com o pior do que á de pior. E realmente fica difícil pra nos firmamos como homens e mulheres pretas e sermos vencedores no jogo dentro deste um mundo totalmente embranquecido.
Sempre nos tiraram de macacos, de bandidos, de criminosos, de estupradores, quando na verdade, o maior sequestrador da história, foi o homem branco, que tirou nosso povo da mãe África, torturou, humilhou, estuprou homens, mulheres e crianças de nossa etnia, matou milhares de índios…
Por toda a história sempre fomos tomados culturalmente. Sempre o homem branco ganha os méritos de tudo que criamos. Criamos o rock e fomos tomados, criamos o jazz e fomos tomados, criamos o samba e por um tempo também fomos tomados. Sempre nos tiraram de macacos, de bandidos, de criminosos, de estupradores, quando na verdade, o maior sequestrador da história, foi o homem branco, que tirou nosso povo da mãe África, torturou, humilhou, estuprou homens, mulheres e crianças de nossa etnia, matou milhares de índios… E uma grande maioria que vive hoje morando em grandes mansões nos bairros mais ricos do Brasil, se beneficiaram de todos os crimes de seus antepassados, que mesmo sem merecimento, sempre assinam como criador número 1 em tudo que o nosso povo criou, que o homem preto criou.
Inegavelmente a mídia vê em seu perfil principal o homem branco como o tipo perfeito, e quando construímos algo que supera o grau de criatividade de tudo que já existe no mundo e que seria algo importante pra elevar a na nossa imagem e mostrar pra mundo que nós podemos, que somos um povo inteligente, que nossa herança cultural é muito rica, novamente nos tomam de assalto. Pegam meia dúzia de negros domesticados, aqueles mesmos que trabalhavam e bajulavam seus senhores, dentro da casa grande, e se vendem por meia dúzia de moedas novamente a cor oposta, aparecem valorizadas e nós sempre desclassificados pra o mundo, e alguns dando risada, fechando os olhos como isso não fosse nada.
Falei tudo isso, até lembrando alguns trechos da nossa clássica música composta, por meu mano Eli Efi em 1990 “Considere-se um verdadeiro Preto“, pois fiquei enojado com o comentário feito por uma rapper de pele branca, chamada Bárbara Sweet, que não sabe absolutamente nada, sobre as nossas raízes de nossas etnias, e que além de ofender moral e etnicamente de forma racista chamando o rapper ADL, preto como eu, de estuprador e também de ladrão, ainda expôs todo o preconceito racial dizendo que todos que tenham o perfil de ADL (homem preto, de pele clara, de pele escura, periférico, rapper, favelado) também se encaixam no perfil formulado por ela, ou seja… Nós homens pretos somo ladrões e estupradores segundo essa pessoa que nem sei de onde veio…
Agora… O mais surpreendente pra mim, foi que a rapper, também de pele branca, que achei que tivesse um proceder, que tivesse atitude, e que seguisse os passos da lendária e saudosa Dina Di, que era de pele branca também, e respeitadíssima por uma grande maioria do povo preto e periférico, era tão sem proceder quanto a tal de Bárbara Sweet (que de doce não tem nada) entrevistada por ela em seu programa de internet. Estou falando de Lívia Cruz, que concordou com todas as palavras cuspidas da boca de sua amiga racista a tornando também farinha do mesmo saco, querendo justificar depois o racismo de ambas e o preconceito em sua página no Facebook com luta de classes.
Não dá pra querer justificar uma causa execrável como o racismo, com outras questões lamentáveis, que também deve ter um olhar clínico de todos como as injustiças sofridas pelas mulheres em diversas questões de nossa sociedade
Feminismo nada tem a ver com agressão étnica ou verbal. Alguns não compreendem que somente quem tem a pele escura como a noite, é que sabe realmente o que é racismo. Não dá pra querer justificar uma causa execrável como o racismo, com outras questões lamentáveis, que também deve ter um olhar clínico de todos como as injustiças sofridas pelas mulheres em diversas questões de nossa sociedade. Um mal não se justifica com outro. Não dá pra julgar uma pessoa por sua aparência. Esse é o jogo feito pela nossa lei falha e injusta e que tem como estereótipo o jovem, pobre e preto como vilão principal.
Nunca em toda a história, foi dito que outras etnias não pudessem fazer parte da cultura hip-hop o qual o DMN pertence, ou do movimento rap. Que essa nova geração que já não tem mais identificação visual e cultural alguma com o hip-hop, o que é um tremendo erro, pois pularam a etapa de saber de onde é que vem tudo que é feito hoje dentro das batalhas de MCs, nos 4 cantos do Brasil. Porém tem que haver o entendimento que, em primeiro lugar, o rap é coisa de preto sim, pois vi o rapper Coruja BC1 fazendo um comentário interessantíssimo, onde ele dizia que não é porque é um brasileiro que está na cozinha de um restaurante japonês ou chinês fazendo a comida, que o restaurante deixa de ser japonês. Em segundo lugar, que os brancos que estão dentro de nossa cultura, tem a consciência de qual o seu papel dentro da imensa família dentro do hip-hop e a que vieram.
Outra coisa… Existem grandes ícones brancos respeitadíssimos mundialmente dentro da cultura hip-hop e importantes pra nossa história como Beastie Boys, como Everlast (House of Pain), B-Real (Cypress Hill), MC Search (3rd Bass), Tony Touch, Eminem, DJ Revolution, entre outros. Também temos Gabriel Pensador, Fábio Brazza, DJ Alpiste, meu amigo DJ HélioBranco (SP Hip-Hop All Stars), Os Gêmeos (monstros do Graffiti). Todos esses caras são verdadeiros mestres do hip-hop, cada um dentro de sua qualidade.
Também pros mais novos, que nem conhecem a caminhada, tivemos episódios inesquecíveis de rappers brancos como Vanilla Ice nos anos 80 que os próprios grupos de rappers também brancos dão um coro em Vanilla por não ser de verdade, e sim um rapper playboy criado pela indústria como diversos que estamos vendo nos dias de hoje, se apropriando da nossa música dentro do rap sem representatividade alguma, falando merda pra caramba, expondo seus vícios e arrogância a todo instante no YouTube e Facebook, incentivando essa juventude que ai estão sem foco, sem direção, desenfreados, viciados em maconha, álcool, cocaína e outros lixos que veem todos os dias nos videoclipes de trap, na gringa e agora aqui no Brasil, o que é algo muito triste, pois sempre lutamos contra tudo isso, e tomando um dinheiro que lutamos a 30 anos pra conseguirmos ganhar pra dar boas condições ao nosso povo e família, e que visivelmente, futuramente vão ser os novos patrões exploradores do povo preto e pobre, segundo as palavras de meu mano Markão II (DMN) o qual endosso… Pra mudar o jogo, só depende de nós mesmos!
Sejam homens e mulheres de negócios. Trabalhem duro, e esqueçam essa gente que não nos acrescenta em nada. Não sejam covardes, enfrentem os medos e os inimigos olho no olho!
Até quando vocês vão fechar os olhos e não querer enxergar o que está acontecendo… Precisamos de nós mesmos. Essa é a questão. Racismo é crime! Vamos banir de nossas vidas a todos aqueles que não nos querem bem. Vamos valorizar os nossos!
O dinheiro é bom sim, mas não sejam putas, sejam homens e mulheres dignos e aprendam a gerenciar suas carreiras. Sejam homens e mulheres de negócios. Trabalhem duro, e esqueçam essa gente que não nos acrescenta em nada. Não sejam covardes, enfrentem os medos e os inimigos olho no olho!
[…] pra entregar seu primeiro álbum solo, o ‘Preta Poderosa’ (2022), que tem produção do Elly (DMN) e do DJ Heliobranco, que faleceu em dezembro de […]