Memória BF | Relembre a carreira de Kobe Bryant como rapper

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Kobe Bryant em ação. Foto: DaillyMail

Sim, também ficamos chocados e tristes. Precocemente, aos 41 anos, Kobe Bean Bryant faleceu em um acidente de helicóptero, o que fez o domingo (26/1) ser um dia muito triste para todos que são fãs do esporte. Sem dúvida, Bryant foi um dos maiores jogadores de basquete de todos os tempos, um ídolo mundial.

Hoje e durante os próximos dias, o atleta será um dos assuntos mais comentados nas Redes Sociais, mídias e veículos especializados em esportes. Para a Cultura Hip Hop, que tem uma proximidade histórica com o Basquete, fica também a lembrança da relação de Kobe com a música Rap.

O “Black Mamba”, como era chamado, não era apenas um fã de Rap. Ele também fez Rap e gravou suas rimas. Foi uma passagem rápida, muito curta, tanto que é pouco lembrada. Ainda muito jovem, no início dos anos 90, ele conheceu seus futuros parceiros no Rap, com quem inicialmente formou o grupo chamado Chi Sah Gang e, depois, renomeado para CHEIZAW (Canon Homo-sapiens Eclectic Iconic Zaibatsu Abstract Words). Bryant nasceu na Filadélfia, mas devido à carreira de seu pai, Joe Bryant, também jogador profissional de basquete, mudou-se para Itália e também morou na França, países onde seu pai jogou.

Ouça a música de Kobe com Shaquille O’neal

Em 1992, aos 14 anos, ele voltou para os Estados Unidos. Nessa época, o atleta conheceu seus primeiros parceiros de grupo: Anthony BannisterKevin SanchezBroady Boy Jester. Nos anos de 1996/97 ele estava começando sua carreira meteórica na NBA e já era considerado um dos melhores jogadores dos Estados Unidos. A gravadora Sony, com Steve Stoute, responsável pelos contratos com grupos de Rap, assinou com o CHEIZAW, mas a ambição era descartar os outros integrantes e aproveitar a ascensão do atleta para alavancar uma carreira solo. Foi exatamente o que aconteceu. Mesmo com Kobe e seu grupo se mudando para Los Angeles, pois ele já havia sido negociado com os Lakers, a gravadora conseguiu o objetivo de lançá-lo em carreira solo.

Assista ao vídeo da música “Hold me” 

O grupo era underground, com as raízes nas batalhas de freestyle. Não era esse Rap de raiz que a gravadora queria. Colocaram o rapper/atleta em uma “embalagem” mais comercial. O r&b estava em alta no final dos anos 90. Ajeitaram uma parceira sem pé nem cabeça com a atriz e modelo Tyra Banks no refrão e lançaram o single “KOBE”. A música foi lançada no NBA All Star Weekend de 2000, mas não foi bem recebida. A repercussão não foi a esperada e a gravadora acabou desistindo da carreira de Kobe, do vídeo oficial da música e consequentemente do álbum, que se chamaria ‘Visions’.

Assista ao lançamento do single “KOBE” na NBA

Antes dessa tentativa no Rap, que ao meu ver foi frustada não por culpa de Kobe, mas pelo olho grande dos executivos da gravadora, ele já havia rimado em um remix da música “Say my name”, do grupo Destiny Child, na faixa “Hold Me”, de Brian McKnight e uma participação com Shaquille O’neil na música “3 X’s dope”, do álbum ‘Respect’ (1998).

A faixa “Thug poet”, improvisada no instrumental de “Who shot ya”, de Notorius Big, com a participação de 50 Cent e do amigo Broady Boy, é outra que seria lançada no seu álbum e era o lado B do single “KOBE”. Apesar do nome do Nas estar nos créditos, ele não participa diretamente. O nome só consta porque foi usada uma colagem da música “Nas is like” no refrão.

Ouça a música “Thug poet”

Anteriormente ao afastamento dos amigos do CHEIZAM da gravadora, três novos integrantes passaram a fazer parte, eram eles: Russell Howard, Sai Bey e a MC Akia Stone. O amigo, e um dos mentores de Kobe no Rap, Kevin Sanchez, já não estava com eles desde 1996. Ele foi preso por assalto a mão armada. Sua prisão foi considerada injusta. Uma testemunha o confundiu e ele terminou condenado, saindo da cadeia apenas em 2007. Pesquisando um pouco, você pode encontrar trabalhos de Kevin no Rap com o nome Tana Da Beast. Ele faz parte da Beard Gang (Freeway, Reef The Lost Cauze, Jack Frost e Malik B).

Assista a um dos vídeos da Beard Gang

No final de 2000, a Sony excluiu Kobe da lista de artistas da gravadora. Ele ainda tentou seguir carreira por conta própria e fundou seu próprio selo/produtora, a Heads High Entertainment. Sua proposta era unir boa música e também causas sociais, projetos em escolas e lançar novos artistas, mas o projeto não foi muito longe. Kobe seguiu tendo sucesso como atleta. É importante lembrar que ele também foi o primeiro atleta e primeiro homem negro a ganhar, em 2018, um Oscar de melhor curta-metragem de animação com ‘Dear Basketball’ (2017).

Ouça o remix de “Say my name” com Kobe rimando

*Principal fonte de pesquisa – “The Secret History of Kobe Bryant’s Rap Career – Whatever happened to the Lakers superstar’s music dreams?”, de Thomas Golianopoulos

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