Hoje estava refletindo sobre a atitude de algumas pessoas, que por mais que façam não conseguem despontar no rap e ir adiante… Uns desistem por não emplacarem nada musicalmente e se frustram. Não conseguem enxergar que o caminho que tomaram durante os anos – e ainda persistem – não foi o mais viável e os planos que traçaram não estão funcionando e não funcionarão. E aí se influenciam por qualquer tipo comentários feitos por colegas em relação a sua caminhada. Dizem que vão parar, quando na verdade nem começaram. Não acreditam no seu trabalho, não investem em si próprios e gravam em qualquer lugar, qualquer boca de porco que os caras encontram. Pra mim, cada letra que componho ou produção que faço, trato como filho. E eu quero o melhor pra o meu filho. Não tenho limites pra dar a melhor condição de vida pro que é parte de mim.
E tem também os que se prendem a fazer aberturas de shows de grupos já consagrados. Se iludem com um sucesso do qual não fazem parte, pois tem que semear no início pra colher no futuro. Muitas, mas muitas das vezes mesmo, querem pular etapas na sua caminhada. “Chegam hoje e já quererem sentar na janela“. Muitos dos caras dos anos 90 também se sujeitam a isso, infelizmente, e se acomodam. Eu vejo trabalhos mal feitos, voz e gravações sem qualidade, mixagens sem uma boa equalização, com técnicos de mixagem sem formação alguma. “Beatmakers” formados pelos tutoriais de Internet, sem noção alguma que música não é pastel e uma pá de gente abraçando e gostando.
O rap vai muito além do que simplesmente rimar “limão com João“! Não tenho nada contra reações, análises, pois sei que é muito interessante saber que alguns se tornaram formadores de opinião e curtem tanto a parada que viram a possibilidade de somar fazendo algo que até então no Brasil era inexistente. Porém, falar sobre rimas multi-silábicas ou punch lines, quando não se sabe nem falar o português corretamente, como muitos por aí, e ser “o MC” porque faz umas rimas mais ou menos, sem expressão alguma, pra um público que apesar de ser elitizado não entende lhufas sobre rap e hip hop é brabo! E agora, com a onda do speed-flow, pior ainda! Dessa forma, os caras abrem precedentes pra que uma maioria oportunista, pelo simples fato da parada começar a dar uma grana pra alguns, tirar proveito disso e também se auto-denominarem “MCs” e que são parte integrante do hip hop. Isso tudo é uma merda, porque logicamente uma pá de gente abraça e acolhe, chamando de irmão e dizendo que é isso mesmo. Como se a realidade destes que se encontram em evidência, fosse semelhante ou igual a qualquer um de nós.
Vamos abrir os olhos e se ligar! A cultura hip hop tem uma história a ser preservada. Tem uma raiz, tem um histórico extenso de lutas, batalhas árduas e quem quer fazer parte tem que saber aonde está entrando e do que se trata. Tem que respeitar mesmo e refletir sobre o caminho que é muito duro, quando não se tem foco nos objetivos e nas metas! Essa é cena. Se liga aí!