#Contextos: ‘O rap não é uma linguagem isolada’

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Evoluímos musicalmente, entretanto, nesta evolução surge uma necessidade ao regaste das letras politizadas

Por: Zaika dos Santos

11693072_10206788056997802_800040811_nPara descentralizar os contextos, inicialmente entendi que devo me apresentar para os que não conhecem mulheres negras mineiras que também militam no hip hop.

Meu nome é ZAIKA DOS SANTOS, tenho 27 anos, sou mineira, nascida e criada no Aglomerado da Serra, sou cantora, artista independente, MC. Atuo musicalmente em diversas linguagens da música eletrônica e canto desde os 10 anos de idade.

Tive um grupo de rap feminino chamado Ideologia Feminina até o ano de 2008, em 2009 me tornei uma das toasters e cantora do Lealsoundsystem onde permaneci até 2012, no final de 2012 passei a ser vocalista de uma banda de rap e funk soul chamada Coletivo Dinamite onde permaneci até 2013 e atualmente sigo musicalmente em carreira solo. Recentemente lancei um EP independente chamado Desabafo e estou prestes a lançar meu segundo CD que se chama Akofena.

Para além do que fiz e faço no universo da música tenho algumas formações técnicas em rádio e TV,  webdesigner e audiovisual. Para além das formações e da música militei em alguns coletivos artísticos e políticos em MG que dialogam com questões políticas de ações afirmativas para a população negra. Hoje sigo lutando diariamente em minha atuação artística cultural pelo empoderamento da mulher negra e dialogando questões ligadas ao racismo.

Dando continuidade, agora sim, como você já começou a me conhecer me sinto à-vontade para dar minha opinião sobre a representação do hip hop atual, sendo mais específica vou fazer um recorte para a linguagem da música entendida por muitos como rap e sobre a representação da mulher no hip hop:
Hoje o cenário do rap é bem híbrido e diverso.

Entendo isso como um reflexo histórico que envolve a disseminação da cultura pelo país e as diferentes formas de assimilação cultural mesmo que a palavra refletida, a convenção popular seja o “rap”, já não temos mais dentro desta palavra a denominação da forma “jeito certo ou errado” de se construir, mas temos uma expressão recentemente refletida as formas “o multiculturalismo sonoro” que vêm agregando subgêneros dentro desta linguagem entendida como “rap”.

 

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Pensando assim, evoluímos musicalmente, entretanto, nesta evolução surge uma necessidade ao regaste das “letras politizadas” e o discurso contundente que caracterizou no Brasil o “rap” como gênero. Mas também vale lembrar que o entendimento americanizado sobre a linguagem do rap dificulta a associação da música popular, da música tradicional e da música regional brasileira.

Na conjuntura atual existe uma aproximação tímida aos diversos ritmos musicais que surgiram no Brasil e ponto/eixo que pode fortalecer a disseminação do rap para um publico “amplo” é esta aproximação real com o que é musicalmente matriz brasileira.

Deixo “enegrecido” também que não entendo o “rap” como uma linguagem única ou isolada, entendo o mesmo como um subgênero da música eletrônica e penso que quanto mais o assimilo desta forma mais vejo a liberdade em utilizar a palavra “mistura”, que é onde podemos ir.

Agora quanto a representação da mulher no hip hop, a prática fala por si só.

Zaika dos Santos escreveu este artigo para a série #Contextos a convite do Bocada Forte.

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