O que ouvimos em 2025: ‘Bagage de Humildade’, Goldman

O rapper Welder Luiz Santos, conhecido como Goldman, lançou em 2025 o disco Bagage de Humildade, trabalho que encapsula sua trajetória de vida, suas influências e sua visão crítica sobre a música e a sociedade. Natural de Guarulhos, no bairro dos Pimentas, Goldman cresceu entre a Zona Leste de São Paulo e o interior paulista, carregando uma bagagem cultural moldada por suas raízes familiares e pela música que permeava seu cotidiano.

Goldman começou sua conexão com o hip hop ainda criança. “Desde os nove anos já arriscava umas rimas e mostrava pra minha mãe”, relembra. O grafite foi sua porta de entrada, mas nunca desvinculado da música. “Eu já me entendia como alguém do hip hop, porque meus irmãos tocavam samba, mas também ouviam rap”, destaca, citando coletâneas clássicas como Som das Ruas e artistas como Thaíde , DJ Hum, com quem gravou uma track em 2023, e Racionais..

Sua carreira musical tomou forma em 2018, com o lançamento do álbum O Livro Chamado Vida Segue Faltando Várias Páginas, produzido pelo selo Pancadaria Records. Desde então, Goldman vem explorando sonoridades alternativas do rap, influenciado por Wu-Tang Clan e nomes nacionais como Sistema Negro. Representante da cena underground que se desenvolve nas periferias, o rapper demonstra preferência por beats sujos e crus, uma escolha alinhada à sua visão artística. Em 2022, lançou o EP A Invasão do Chile, com beats do DJ TG. No ano seguinte, o MC apresentou o álbum Certo Pelo Certo, com TG e Sem Grana.

BAGAGEM

Goldman levou cerca de um ano e meio para desenvolver Bagage de Humildade. Com produção de Lincoln Rossi, o disco mescla beats pesados com letras contundentes. “Nunca quis escrever algo para a indústria, sempre escrevo o que sai da alma”, afirma, mantendo sua postura crítica frente ao mercado.

Já na abertura de seu mais recente trampo, o MC demonstra o valor da espiritualidade, Goldman aborda temas espirituais com um viés pessoal. Criado em um lar cristão pentecostal, Goldman carrega a fé como parte de sua força criativa, aprendendo desde cedo com sua mãe sobre perseverança e valores éticos.

Para Goldman, a cultura hip hop representa resistência e autenticidade. Ele critica a apropriação e superficialidade que algumas vertentes atuais da música promovem, enquanto se mantém firme em sua proposta de criar arte que questione o sistema e valorize as histórias periféricas. “O rap sempre teve o lado de entretenimento, mas é fundamental colocar uma pauta consciente”, explica.

FUTURO

Goldman busca expandir sua correria sem abrir mão de sua essência. Ele está aberto a colaborações criativas e considera vital o fortalecimento de redes independentes de produção cultural. “O rap alternativo tem núcleos fortes, mas não é interessante para a indústria porque questiona o sistema”, ressalta.

Com Bagage de Humildade, Goldman reforça seu compromisso com a luta pela transformação social. Nos beats de Lincoln Rossi, suas letras provocam reflexões, mantendo vivo o espírito original do hip hop enquanto abrem caminhos para novas gerações.