Memória BF | Em fevereiro de 1993, a mistura Rap-Jazz ganhava um novo significado

Post atualizado todo ano, desde a 1ª publicação em 2020 com o título - 'Memória BF | 27 anos atrás, a mistura Rap-Jazz ganhava um novo significado'. Última edição em 9.02.2023.

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Capa do álbum

Muitos discos lançados nos anos 90 marcaram história. São álbuns que influenciaram gerações e definiram os rumos da música Rap. Foi uma época de muita criatividade, pois os principais expoentes da cena eram – e muitos ainda são – artistas únicos.

A busca por uma identidade própria e originalidade era uma regra, todo mundo queria ser diferente e por conta disso, principalmente de 1990 a 1995, tivemos o lançamento de álbuns e o surgimento de artistas que marcaram definitivamente o seu nome na história do Rap.

Um desses álbuns é o ‘Reachin (A New Refutation of Time and Space)’, primeiro álbum do trio Digable Plantets, lançado em 09 de fevereiro de 1993. Ainda em relação a toda essa busca por identidade própria, é preciso lembrar que o Rap dos anos 80, já com artistas consagrados e com seus estilos consolidados, foram fundamentais para que essa geração do Rap 90 tivesse em quem se inspirar. Não apenas serviram de inspiração, mas também foram a motivação para que eles se superassem e buscassem algo novo, aproveitando muito bem as ferramentas e técnicas de produção. É interessante pensar que eles nem precisariam inovar, o Rap estava em alta, com estilos definidos, um público fiel, eles podiam se acomodar. Mas não, a criatividade e a disputa sadia pra ver quem faria o melhor álbum, construiu uma cena sólida, onde um puxava o outro.

Confira abaixo uma reunião do trio em 2016

O trio formado por ButterflyLadybug Mecca e Doodlebug (foto acima), trouxeram uma sonoridade única e deram um novo sentido a fusão Rap+Jazz. A Tribe, De La Soul, Guru e DJ Premier, todos eles já haviam experimentado essa mistura em seus trabalhos, tanto que  Ishmael Butler (Butterfly), responsável pela produção e concepção do disco, já admitiu que Premier foi uma grande influência para a construção desse álbum. ‘Reachin’ foi um sucesso absoluto, lhes rendendo o Grammy de Melhor Performance de Rap por Duo ou Grupo com o single “Rebirth of slick (Cool like dat)”. Sempre que olharmos alguma lista de melhores discos de Rap de todos os tempos, não tenha dúvidas que esse disco estará presente.

Confira o vídeo do single que ganhou o Grammy

O Jazz está presente no estilo de rimar, nos samples muito bem escolhidos e colocados, no título e também nos temas de algumas letras. Não dá pra escrever sobre esse álbum sem destacar ao menos 6 ou 7 das 14 faixas, começando pelos três singles. A premiada “Rebirth of Slick”, assim como todas as outras, traz um mix de samples, eles usam vozes, colagens, baterias, baixos, falas, tudo tirado de clássicos do Jazz e do Funk. Nessa música os samples mais fáceis de identificar vem de Art Blakey e Fred Wesley com JB’s, mas também tem The Last Poets, esses últimos também uma grande influência do trio. No single “I’m from” os três dizem exatamente de onde são e as suas influências musicais e de vida, tudo isso com o sample famoso do KC & The Sunshine Band, com as batidas de James Brown. O último single lançado foi da faixa “Nickel Bags”, alegre e poética ela traz como sample principal, o groove da mesma música usada pelo Racionais em “Diário de um detento”, mas ainda usam de forma genial elementos de mais 3 ou 4 músicas.

Confira o vídeo do segundo single do álbum

Na faixa de abertura, “It’s Good to Be Here”, se apresentam deixando nítido que o Jazz é o que vai ditar os rumos do disco, de ponta a ponta, a música traz uma mistura equilibrada com 6 samples. Ainda destaco a narrativa sobre a vida em Nova York de “Pacifics”, a “Jimmi Diggin Cats”, onde eles voltam no tempo e fazem referências a grandes nomes da música dos anos 70, como Jimmy Hendrix, Jackson 5 e Isaac Hayes. Também citam os Panteras Negras e tudo isso em cima de mais uma perfeita combinação de samples conhecidos, juntaram a batida de Rufus Thomas com uma música famosa do Kool & The Gang, usada por muita gente, mas que ficou conhecida no Brasil na faixa “Cada um por si” do Sistema Negro.

Abaixo você assiste o vídeo do terceiro single do álbum

Se chegou até aqui, ouça o disco, ele é pra ser estudado. Pesquise os samples e saboreie sem moderação

Ouça a mixtape especial de 25 anos (2018)

Ouça o álbum completo

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2 COMENTÁRIOS

  1. Mano, que loucura das boas!!! E não é que, meio que por acaso, eu estou curtindo o primeiro álbum deles!!! Até passei o som pro celular. Abração!

  2. […] Esse realmente foi um encontro inesperado e acredite se quiser aconteceu, pelo menos musicalmente. Alguém lembrava dessa? A dupla de música eletrônica The Crystal Method, formada por Ken Jordan e Scott Kirkland foram os “maestros” dessa reunião inusitada. Ela aconteceu no disco ‘Chef Aid: The South Park Album’, que foi mais um achado aqui nas minhas bagunças, confesso que eu não lembrava dessa música e muito menos do álbum. O disco é repleto de encontros inusitados entre artistas dos mais variados estilos musicais. A estrutura do álbum é ambientada e montada no formato de um show, a maioria das produções é de Rick Rubin e o Chef Aid é interpretado por Isaac Haeys. […]

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