DJ Primo fala sobre a carreira, influências, Hip Hop DJ e muito mais

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DJ Primo DestaqueSer um DJ do Hip-Hop, não é só ficar colocando uma música atrás da outra para as pessoas dançarem. É preciso ser técnico, fazer scratches, back to back, transforms e é claro, não dá pra fazer tudo isso sem tocar vinil. Isso não é uma regra, mas o que diferencia um DJ que toca Rap de outros DJs, não é só a música, mas a técnica. Quem admira, conhece e faz parte da cultura quer ir a uma festa e, além de escutar boa música, ver a performance do DJ.

Por isso o DJ Primo (humildade em pessoa) é considerado hoje um dos melhores DJs do Hip-Hop, ele faz a diferença e se destaca quando toca. Claro que existem outros DJs muito bons, alguns até citados por ele como o Nuts e o King, mas o Primo é novo, toca há pouco tempo e já tem o reconhecimento dos DJs mais velhos.

DJ Primo em ação

Atualmente faz parte da Chocolate Crew, toca em 3 festas em São Paulo, está tocando com Marcelo D2, toca às vezes em Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro e toca para alguns grupos novos também. Tem patrocínio da marca Hideout, apoio da Redbull e da marca de óculos Evoke. Mesmo com tantas qualidades ele não pensa em participar de algum campeonato, esse ano ele irá participar do Hip-Hop DJ, mas como jurado. Nessa entrevista ele fala sobre o início da carreira, as festas, suas referências e projetos futuros.

Bocada Forte: E aí Primo, fala pra gente como e quando você começou a tocar?
DJ Primo: Eu vi os toca-discos pela 1ª vez numa loja de Curitiba chamada Spin, entre 97 e 98 eu trabalhei nessa loja e o pessoal deixava eu treinar lá. Mas foi em 1998 que eu comecei a tocar mesmo nas festas, comecei a ter discos e tocar no grupo Blackout, que era formado pelo pessoal da loja mesmo.

B.F: Quando você veio pra São Paulo pela 1ª vez?
Primo: Foi na abertura do Hip-Hop DJ 2000, aí depois disso eu vim outras vezes pra tocar. Eu conheci o Zé e o Nuts, eles iam tocar em Curitiba e às vezes me traziam pra tocar em algumas festas aqui.

DJ Primo na festa de lançamento da Agência Chocolate Music – 2004 – Acervo BF

B.F: Quais outros grupos que você tocou e com quem está tocando?
Primo: Comecei com o Blackout , depois fiz show com o Comunidade Racional e o Maskote em Curitiba. Depois que mudei pra São Paulo: Ascendência Mista, Max B.O., Marechal, Quinto Andar, Mamelo Sound System, Otto e Marcelo D2.

B.F: Quais as festas que você toca atualmente?
Primo: Lucky às terças, D.Edge às quintas, Liquid Lounge aos domingos e pelo menos uma vez por mês em Curitiba, de vez em quando em Porto Alegre e no Rio de Janeiro.

B.F: Em quais estados você já tocou?
Primo: Nesses que eu citei e mais Santa Catarina e Goiás.

B.F: Já pensou em participar de alguma competição?
Primo: No começo eu até tive vontade e depois que eu fiz a abertura do HHDJ 2000 eu pensei em participar do campeonato em 2001, só que foi coisa de momento. Mas hoje em dia eu não tenho mais vontade, curto mais ficar tocando, mas eu gosto de assistir.

DJ Babu (Dilated Peoples), Madlib, J-Rocc, DJ Primo e DJ Nuts

B.F: Que DJs você tem como referência?
Primo: Quando eu comecei a tocar eu não tinha nenhuma referência, porque eu morava numa cidade que não tinha um outro DJ e não chegava muita informação de fora. Depois que eu vim pra São Paulo é que eu fui ver e conhecer outros DJs, minhas referências são os caras que eu conheci, que eu vi tocar como o Cut Chemist, Babu, J-Rocc e gosto também do Q-Bert e do Craze.

B.F: E DJs Brasileiros?
Primo: Eu sempre gostei do Nuts como DJ e produtor também, na minha opinião ele é um dos melhores daqui e também tô gostando muito do trampo do King. Gosto também do Fábio Neck e do Keffing.

B.F: E você tá produzindo alguma coisa?
Primo: Eu peguei uma MPC e tô fazendo alguma coisa, só tá faltando umas ideias boas (risos). Só meus amigos que gostam das minhas bases, eles pedem pra cantar em cima aí eu falo: “Pode cantar, mas se alguém reclamar não vem botar a culpa em mim”.

B.F: Em todas as festas você toca o mesmo tipo de som?
Primo: Sempre o mesmo estilo. O meu princípio é tocar o som que eu acho legal e não o que todo mundo acha legal, o DJ que só toca o que o público gosta não cria um público, ele só vai se adaptando ao público. Eu toco o que eu acho legal e atraio as pessoas que tem um gosto parecido com o meu.

B.F: Você toca alguma coisa nacional?
Primo: Quase nada, porque os sons que eu curto, que combinariam com a minha linha não tem em vinil e eu não toco CD.

No palco com Marcelo D2, Agosto Negro 2004 – Acervo BF

B.F: Quais os grupos brasileiros que você gosta?
Primo: Ascendência Mista, Quinto Andar, Marechal, Sr. Retarda, Max B.O, Conseqüência, Elo da Corrente e tem um som brasileiro, que é o que eu mais admiro, “Política” do Athaliba e a Firma.

Gosto também do Da Guedes, Mizuri Sana, Projeto Manada, Sabotage, Xis, Rappin Hood, Racionais, é claro, e Irmandade Negra.

B.F: Quais os sons que você toca em todas as festas, que não podem faltar?
Primo: Os principais são: Jurassic Five, Dialated Peoples, Large Professor, Loot Pack, Mad Lib e Jay Dee.

B.F: Fora as festas que você toca, tem alguma que você curte?
Primo: Eu vou no Love às vezes, no domingo, porque eu gosto do lugar. Mas no geral as festas pra mim não mudam muito, os DJs tem os mesmos discos, o nível técnico é sempre o mesmo e aí as festas acabam ficando muito parecidas. Uma festa que eu fui e gostei bastante foi a do Kl Jay de quinta-feira (Sintonia), que toca todo tipo de som e não só os “pop”, então acaba agradando todo mundo.

B.F: Quais DJs de Curitiba que você destaca?
Primo: Tem o Jeff, que já toca faz um tempão, hoje em dia eu tô gostando muito do trabalho dele. Fora ele tem o Vítor, que tá tocando há um ano e meio e muito bem. Esses pra mim são os dois que tão representando bem a cidade.

DJ king e DJ Primo

B.F: Qual sua opinião sobre o preço das festas?
Primo: É foda que às vezes o pessoal acha que eu tenho a ver com o preço das festas. O pessoal tem que entender que isso é o que eu mais gosto de fazer e é o que me sustenta, o que acontece é que os caras que me chamam pra tocar são os caras que fazem festas em casa de boy, não vou negar. Então é caro. O pessoal pergunta: “Por que você não vai tocar pro povão?”. Porque os caras que fazem a festa pro povão não me chamam pra tocar, eles acham melhor cobrar cinco conto e contratar um DJ que só vai tocar as “babinhas”, do que me chamar pra rolar um som diferente. Outra coisa é que os caras que fazem essas festas mais baratas não são profissionais, o cara quer que você leve todo equipamento, não te dá suporte nenhum e ainda quer que toque de graça. Não dá, eu tenho que pagar minhas contas aqui, comprar discos, agulhas e o cara ganha o dinheiro dele e eu nada.

B.F: Quais os projetos do DJ Primo pro futuro?
Primo: Eu tenho o projeto de lançar um single e tem o meu projeto com o Nuts (Tupinikings), que são dois DJs fazendo música, tocando música e refazendo algumas músicas do nosso jeito. A parada é tão louca, que a gente sabe o que quer fazer, mas até hoje não conseguimos dar um passo. Tem algumas experiências, mas nada que a gente possa apresentar e a ideia é levar até pra fora do país essa parada.

B.F: Quem são seus patrocinadores?
Primo: A Spin me apoiou bem no começo, hoje eu não ando com roupa deles, mas recebo todo o apoio que preciso (se não fosse a Spin, o Jonathan, eu não seria DJ hoje). Tem a Hide Out, que é meu “patrô” hoje, tenho também um forte apoio da Redbull e da Evoke (agradeço a todos pela força).

1 comentário

  1. Dj Primo ! Meu Conterrâneo , admiro muito os trabalhos dele e ouço sempre !
    Sem dúvidas o Maior Disco Jockey de Todos os Tempos !

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