#ElasNoBF: Confira o primeiro episódio do Madame Talk Europe e o trabalho do site Madame Rap
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O Bocada Forte, sempre antenado nas iniciativas que elevam a cena hip hop ao redor do mundo, apresenta o primeiro episódio do podcast Madame Talk Europe, uma produção que visa aumentar a visibilidade de artistas de rap queer e femininas na Europa. Neste episódio de estreia, a plataforma francesa Madame Rap, conhecida por sua luta pela inclusão e representatividade, faz uma análise da cena rap na França, com dados preocupantes e desafios para artistas que muitas vezes são marginalizadas no cenário musical.
De acordo com um estudo recente do Centre National de la Musique (CNM), intitulado Le rap dans l’écosystème musical français, o rap se firmou como o gênero com o maior número de streams na França em 2024, totalizando 6,4 milhões por faixa. Contudo, a visibilidade de rappers femininas e artistas LGBTQIA+ ainda é alarmantemente baixa. Apesar da predominância do rap no consumo musical francês, mulheres e pessoas queer têm enfrentado enormes barreiras para se inserirem e se manterem na indústria.
Números que revelam desigualdade
Os dados do CNM são claros: em 2022, menos de 2% das faixas de rap que alcançaram o top 10.000 na França eram de rappers mulheres. Apenas 15% das faixas produzidas no país tinham mulheres como intérpretes, e somente 17% foram assinadas por produtoras femininas. Esses números escancaram a falta de espaço e oportunidades para artistas que não seguem os padrões dominantes da cena rap, muitas vezes marcada pelo machismo e pela heteronormatividade.
No entanto, a Madame Rap, que há anos compila dados e histórias de artistas femininas e queer no rap, revela que o cenário é muito mais rico do que as grandes gravadoras e festivais mostram. A plataforma já catalogou quase 500 rappers femininas na França, questionando a invisibilidade dessas vozes e a falta de representação nos principais eventos e espaços midiáticos.
Uma resposta necessária
O podcast Madame Talk Europe surge como uma resposta a esse cenário excludente, trazendo à tona as questões que cercam essas artistas. O primeiro episódio, comandado por Thérèse, uma artista multidisciplinar, e Antoine Dabrowski, editor-chefe da Tsugi Radio, mergulha nos desafios enfrentados pelas rappers femininas e queer na França. Entre as questões levantadas, estão a responsabilidade dos agentes da indústria musical, os caminhos alternativos para sobreviver em um ambiente hostil e as possíveis soluções para uma maior inclusão.
Com o apoio da União Europeia via LIVEMX, o podcast oferece um espaço para discussões essenciais, amplificando vozes que, até então, têm sido silenciadas ou sub-representadas.
Um convite à reflexão e ação
O cenário apresentado pelo estudo do CNM e pela Madame Rap é um reflexo de um problema global. A exclusão de mulheres e pessoas LGBTQIA+ no rap não é exclusividade da França, mas um sintoma de uma indústria musical que ainda perpetua desigualdades. Para o público brasileiro, a luta dessas artistas na França ecoa as batalhas enfrentadas por muitas MCs e rappers queer no Brasil.
Madame Talk Europe está disponível em todas as plataformas de streaming e em seis idiomas, incluindo francês e inglês, facilitando o acesso a ouvintes de diferentes partes do mundo. O podcast é uma oportunidade de conhecer mais sobre a cena rap feminina e queer na Europa, refletir sobre o impacto da invisibilidade e pensar em ações concretas para transformar esse cenário, seja na França, no Brasil ou em qualquer parte do mundo.
Acompanhe o primeiro episódio e fique de olho no trabalho da Madame Rap, uma plataforma que, assim como o Bocada Forte, busca dar voz a quem muitas vezes não é ouvido.
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