Racionais MCs, 25 anos de rap e construção de identidades

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Já imaginou como era a economia nas décadas de 70 e 80? Já pensou no que significava ser preto e morador da periferia nessa época? Como o poder público lidava com o povo pobre? Como o povo pobre desenvolveu estratégias de sobrevivência e enfrentou o descaso dos governantes?

A trajetória dos Racionais MCs, grupo que celebra 25 anos de carreira na música popular brasileira, é uma mescla de experiências que, de certa forma, ajudaram a criar um manual de conduta para os jovens periféricos dos anos 1990. Não que este manual foi algo construído de maneira planejada, mesmo assim, os integrantes do grupo sabem que são referência no rap brasileiro.

Da ponte que liga passado e presente existem demarcações geográficas, psicológicas, sociais, raciais e econômicas que moldaram a história de protagonistas e coadjuvantes dos subúrbios do país, mas os Racionais MCs não cantam apenas a vida do outro, sem perder a principal característica do rap, suas vidas estão em cada verso, compasso e batida. Suas músicas contém amostras em alta resolução do quadro social que ferve e está em transformação a cada dia.

Do primeiro disco aos mais recentes trabalhos, muita história é contada por quem veio de baixo, mas agora está no topo. Será que algo mudou?

A letra do samba “Gente da gente”, do grupo Negritude Júnior, aborda a importância dos Racionais para o povo menos favorecido: Essa gente já sofre demais /são tratados como animais/ e só querem um pouquinho de paz/ e precisam ouvir Racionais.

Muita gente cresceu curtindo rap e aprendendo com KL Jay, Mano Brown, Ice Blue e Edi Rock. Temos em diferentes área do mercado de trabalho uma geração que ouviu e ainda ouve os Racionais MCs. Eles sabem bem o que isso significa. Não importa se, às vezes, durante depoimentos e discursos, parece que os rappers esqueceram o que ensinaram. Nós não esquecemos o que aprendemos. Agradecemos.

Em meio aos novos paradigmas do hip hop, cada artista tem o direito garantido de escolher seu caminho, mas uma coisa não pode passar desapercebida: o grupo comemora 25 anos de legitimidade calcados nas posturas e discursos que revolucionaram os guetos do país. Tudo está registrado e bem rimado.

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