#ArquivoAnos90: Naughty By Nature

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Em 1991, o grupo NAUGHTY BY NATURE ganhou as pistas dos bailes blacks brasileiros com a música “O.P.P.“. Com estilo diferenciado e apadrinhamento de Queen Latifah, rapper que obrigou o grupo a se profissionalizar, Treach, Vin Rock  e DJ Kay Gee, integrantes do Naugthy ficaram no imaginário dos brasileiros, curtidores de rap ou artistas.  Além da sonzeira, o visual do grupo influenciou a cena nacional. Para o Naughty by Nature, a liberdade deve dominar o rap. “A grande qualidade do rap é se poder colocar nele o que quiser: violência, coisas positivas, negativas, selvagens, amorosas. O rap não é limitado. Toda vez se pode adicionar uma novidade. Sempre há alguma coisa que alguém ainda não fez”, afirmou Treach nos anos 90.  O grupo está na ativa e com agenda de shows até fevereiro de 2016. Confira abaixo a reprodução de uma entrevista que o grupo concedeu ao Estado de S.Paulo, em 1992.

Caderno 2: Todos os fãs querem saber: o que significa “O.P.P.”?
Treach: Quer dizer Other Peoples Property (propriedade alheia). A ideia é de um traficante de droga lá do bairro, que se mete no território do competidor. O rap é sobre quem se apossa do que é do outro, da namorada ou do dinheiro do amigo. A letra pegou porque todo mundo pode se identificar. É sobre traição. Mas não envolve culpas. Ao contrário, as histórias são engraçadas, matreiras. Uma gozação na forma como a gente sempre deseja o que é do próximo e vice-versa. No gueto, virou gíria. A garota é do amigo? Então é O.P.P. Em clubes e concertos, o refrão faz a plateia participar; não fica só olhando a gente.  A música envolve um sample do ABC, dos Jackson Five.

Caderno 2: Por que vocês dizem que “Ghetto Bastard” é Biográfico?
Treach: Porque fala dos problemas de nossa vida: gravidez de adolescente, pobreza, criança sem pai. Mas é a única faixa do LP que confronta questões sociais. Deixamos o assunto para os rappers políticosm e há muitos fazendo isso. Se surge uma mensagem na cancão, deixo ficar. Mas não é nosso objetivo principal. Não digo que jamais teremos mensagens em nossos discos, mas, sim, que nossa música é para festa. Quanto ao bastardo do gueto, conhecemos muitas criancas crescendo com um só dos pais. Não é uma cancão hostil. É otimista. Todo mundo pede ao garoto que diga algo positivo, e ele explica que não sabe. Vamos mudar o título para “Everythings Gonna Be Alrigth”, por que assim foi para nós, do grupo. Crescemos sem nada. Consolávamos dizendo um ao outros: “Um dia vai dar certo”. E deu.

Vin: Vários rappers cantam a miséria do gueto. A diferenca é que eles culpam o governo. Nós contamos uma história. O coro de No Woman, No Cry, de Bob Marley, dá um tom positivo.

Caderno 2: É estratégia um rap forte depois de um rap tão festeiro?
Treach: É. Não queremos nos prender a um tema ou estilo. Vamos continuar surpreendendo a audiência. Esperam que nosso próximo disco supere “O.P.P.”, mas nem pensamos nisso. Estamos tentando mostrar nossa versatilidade.

Caderno 2: Por que vocês se chamam Naughty by Nature?
KG:
O nome pareceu apropriado. Nas circusntâncias em que fomos criados, não havia muita escolha a não ser mau comportamento. antes de ganhar trabalhando fizemos muita vigarice na rua.

Caderno 2: Vocês acham que o rap vai continuar um veio musical?
Treach:
Claro. A grande qualidade do rap é se poder colocar nele o que quiser: violência, coisas positivas, negativas, selvagens, amorosas. O rap não é limitado. Toda vez se pode adicionar uma novidade. Sempre há alguma coisa que alguém ainda não fez.

[+] Site oficial do grupo
[+] Discografia do Naughty by Nature

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