Outras Palavras | Seríamos todos uberizáveis?
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O artigo discute o conceito de “uberização”, que se refere à transformação do trabalho em algo mais precário e flexível, especialmente através de plataformas digitais. A socióloga Ludmila Costhek Abílio, entrevistada no artigo, afirma que essa situação vai além das plataformas, afetando a vida de muitos trabalhadores.
Abílio fez uma pesquisa com motoboys e descobriu que a maioria deles é composta por homens, muitos dos quais têm mais de 30 anos e trabalham longas horas, frequentemente mais de 60 por semana, ganhando menos do que trabalhadores em empregos tradicionais. Além disso, muitos enfrentam problemas de saúde devido à carga de trabalho intensa e à falta de cuidados básicos, como hidratação.
Ela destaca que a uberização não é apenas uma questão de trabalho em aplicativos, mas uma tendência que pode afetar todos os trabalhadores, tornando-os “potencialmente uberizáveis”. Isso significa que as condições de trabalho podem se deteriorar em muitos setores, não apenas nos informais.
Abílio também menciona que o conceito de “viração” se refere à necessidade de os trabalhadores realizarem múltiplas atividades para sobreviver, o que se tornou comum no Brasil. A pesquisa revela que muitos trabalhadores não têm um horário fixo e precisam estar sempre disponíveis para garantir sua renda.
Por fim, o artigo aponta que há uma crescente insatisfação entre os trabalhadores, que se organizam para lutar contra as condições de trabalho exploratórias. A situação está em ebulição, e mudanças nas leis trabalhistas estão sendo discutidas, mas muitas vezes sem atender às reais necessidades dos trabalhadores.