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#Contextos: Renan Inquérito manda a ideia

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A convite do Bocada Forte, líder do grupo Inquérito participa da série #Contextos e fala a respeito do atual momento do rap brasileiro.

Quero ser um artista, não uma metralhadora

Por: Renan Inquérito

Eu acredito que o rap está mais velho, certo? Ele cresceu e não é mais aquele jovem controlado pelos pais que não podia fazer certas coisas, hoje é adulto e pode fazer o que quiser, tem essa liberdade. Talvez por isso fale de coisas que antes eram “proibidas”, porém, nem todos viveram esse processo, essa transformação, cada um tem um tempo diferente.

Por isso é tão comum ver moleques pagando de adulto e adultos pagando de moleque, infelizmente é normal. Quando ficamos mais velhos, ficamos mais conservadores, a cabeça aos 30 é diferente da cabeça aos 15, não podemos esquecer que falamos para uma juventude em formação, e eles ainda não viveram o suficiente para enxergar tudo o que nós já vimos.

Temos que ter essa sensibilidade ou então não haverá comunicação entre as gerações. Porém, também vejo que falta aos mais novos o respeito com a vivencia dos mais velhos, e isso gera um círculo vicioso onde fica “cada um no seu quadrado”.

Não espere de um “rapper” de 15 anos a postura de um homem de 30, por mais que ele seja um “rapper” ele ainda é só um moleque, lembra?

Eu, graças a Deus,  tive o privilégio de crescer em meio à grandes referências do hip hop brasileiro. Pretendo ser a continuação dessas pessoas. Elas foram minha base, elas me fazem continuar e, por trazê-las sempre comigo em minha arte, nunca estarei sozinho! Isso é resistir, trabalhar e respeitar!

Quando eu olho pro lado e vejo pouca gente correndo pelo certo, trampando com conteúdo e qualidade não me sinto sozinho, pelo contrário, me sinto um privilegiado, porque estar sozinho é precisar de multidões pra aprovar o que seu coração diz, e a multidão é momentânea, se dispersa com facilidade, amanhã já tá em outra, é loucura tentar acompanhá-la, acertá-la, você teria que “atirar” cada hora pra um lado, e eu quero ser um artista, não uma metralhadora.

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