Luta e política ao som da banda Kapingbdi

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Nos anos 1970, enquanto a Libéria enfrentava crises políticas e sociais profundas, a banda Kapingbdi emergiu como um símbolo de resistência cultural e identidade africana.

Fundada em 1976 por Ebenezer Kojo Samuels em Monróvia, a banda combinava afro-jazz, rock e funk em um som inovador que rejeitava a predominância da música ocidental nas rádios liberianas. Kapingbdi lançou seu primeiro álbum autointitulado em 1978, seguido por Hey Brother em 1980 e Don’t Escape em 1981, antes de se dissolver em 1985.

Kojo Samuels, nascido em 1943 em Monróvia, era um artista e músico que estudou arte e escultura, lecionando na área entre 1973 e 1976, enquanto perseguia seu sonho de se tornar músico profissional. Com sua banda, ele trouxe uma sonoridade que mesclava influências do afrobeat, jazz e funk com ritmos tradicionais africanos.


Kapingbdi foi reconhecido internacionalmente, sendo tocado em programas de rádio como o NTS, incluindo shows como o de Ohbliv em 2016, onde faixas como Mama Africa, Human Rights e Hey Brother foram destaque. Após a dissolução da banda, Kojo colaborou com nomes como Fela Kuti e Cecil Taylor e, em 2010, iniciou o projeto Kojato & the Afro Latin Cougaritas, lançando All About Jazz em 2012.

Kojo, conhecido como “o sumo sacerdote da música” na Libéria, combinava crítica social afiada com energia a energia de suas apresentações. Suas canções trazem mensagens e  histórias que refletem as realidades sociais do país. O primeiro álbum do Kapingbdi contou com Kojo nos vocais, saxofone, flauta e percussão, Jean-Claude Nanga na guitarra, Mamadee Kamera no baixo e congas, Ciaffa Barclay na percussão e Thomas Mensah na bateria.

CONTEXTO POLÍTICO
Essa trajetória musical foi desenvolvida em um contexto de grandes conflitos na Libéria. Fundada em 1822 pela Sociedade Americana de Colonização, a república mais antiga da África enfrentou desigualdades profundas geradas pelo domínio dos américo-liberianos, que culminaram em duas guerras civis. A intervenção da ONU em 2003 ajudou a estabilizar o país, mas problemas econômicos persistem: a Libéria possui um dos menores PIBs per capita do mundo e a crescente insatisfação com o aumento do custo de vida levou a questionamentos sobre os salários de governantes.

Além disso, como no Brasil, a desigualdade de gênero é um problema crítico no país. Embora a Constituição garanta direitos iguais a todos os cidadãos, as mulheres ainda enfrentam altos níveis de discriminação e violência. A eleição de Ellen Johnson-Sirleaf em 2005 como a primeira mulher presidente foi um marco, mas a luta por equidade continua. Em 2023, Johnson-Sirleaf destacou, durante o 1.º Fórum Internacional da Mulher para a Paz e Democracia, a importância da educação e da atenção às jovens africanas.

Recentemente, o African Women Leaders Network–Liberia Chapter (AWLN-Liberia Chapter) emitiu um apelo por protestos pacíficos após incidentes de violência em agosto de 2024. O grupo destacou a importância de manifestações não violentas para manter o foco nas demandas sociais e promover a unidade e a solidariedade necessárias para alcançar mudanças duradouras.

A história da banda Kapingbdi, com sua mistura de sons africanos e ocidentais, reflete a busca por identidade em um país marcado por desafios políticos, sociais e econômicos. Mesmo após décadas, a música do grupo continua relevante, ressoando em contextos de luta por justiça, igualdade e preservação cultural na Libéria.

CURIOSIDADE
Não encontramos nenhum registro de utilização das músicas da banda no site WhoSampled. E aí beatmakers?

*Texto e pesquisa elaborados com ajuda de inteligência artificial.

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