Em ‘Raça Poderosa’, Omnira e Ôbigo valorizam a negritude criticam o racismo dentro e fora da cena

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#RapBR #MêsDaConsciênciaNegra | Nesta semana o grupo Omnira deixou registrado seu grito de empoderamento e crítica contra o racismo em “Raça Poderosa“. Vindo na sequência de “7×1” (criado em collab com a Luiza Rampazo do 38 Mil Manos), o novo som conta com beat do DJ Neew e, no mic, Juliana Sete, Janaína D’Nótria e Ôbigo.

Se a cena está cada vez mais gourmetizada e descompromissada com a luta por igualdade, “Raça Poderosa” veio para colocar todo mundo para pensar, refletir e se posicionar. Em comunicação pessoal, conversamos com DJ NeewJuliana SeteJanaína D’Nótria sobre a produção do som. Então dê o play abaixo e se ligue:

A CONSTRUÇÃO DA LETRA

Juliana Sete comentou: “A letra eu fiz num momento de revolta com o racismo dentro do nosso movimento hip hop. Como deixamos que pessoas assim circulem livremente entre nós como se fossem nossos aliados,quando na verdade não são? Em referência como o racismo nos mata, trouxe uma breve explanação de como o episodio Lívia e Bárbara trouxe luz a vários problemas de apropriação no rap,e a treta que uma postagem sobre uma música de Jorge Ben fez o jogo virar para nós contra nós. 2018 realmente é ano de Xangô,nada ficou encoberto,nenhuma farsa se manteve escondida. Fascistas e racistas mostraram a cara. E nós por todos os meios necessários em auto defesa,vamos revidar. Eu começo meu trecho com uma referência a Marcus Mosiah Garvey,e somos o que somos,Raça Poderosa!! E seguiremos de pé”.

Na sequência, Janaína D’Nótria contou que: “eu fiz [esses versos] porque cansei do desrespeito dos Mc’s pela história do Rap a desvalorização da luta e sangue dos meus ancestrais até aqui para poder ter liberdade de expressão e política democrática. Porque rap é político… Hoje em dia qualquer um faz rimas e chama de rap, vivendo no nosso meio propagando racismo, machismo e homofobia e, quando confrontados, se justificam e não reconhecem a mediocridade em não conhecer a nossa história. Rap tem cor e é preta sim! E se não valorizarem isso, não serão aceitos. Nunca serei contrária a brancos fazerem rap, muito pelo contrário acho válida a união, mas não tem nada pago e equiparado aqui racialmente. Então peço que cheguem no sapato e respeito ao meu povo, não vão tomar o rap como tomaram o Rock! Que venham pra somar na luta e não nos tomar!”

A CONSTRUÇÃO DO BEAT

Para Dj Neew: “Cada beat, cada música tem uma história particular e complexa às vezes, pelo menos comigo é assim. Eu havia feito o beat a 2 anos e ele estava direcionado pra um outro projeto que não deu certo. Nesse tempo parado eu ouvi a XL Cypher (uma cypher envolvendo as rappers angolanas MedusaVandaMaeGrande e Miss Skill). Eu pirei na parte da Vanda principalmente no trecho que ela disse a frase ”tem rap na melanina”, e fiquei com isso na cabeça muito tempo, eu achei que essa frase era um gacho pra uma ideia. Peguei o beat que não havia dado certo pra outro projeto, modifiquei ele e coloquei esse trecho da Vanda como colagem. JanaJuh e Paty [Paty Treze, também integrante do Omnira] estavam em casa e tinham uma ideia de letra bem pesada, protesto, mostrei esse beat e a ideia que elas tinham casou com a ideia do instrumental e vice e versa, na hora surgiu a ideia de chamar Ôbigo também por conta do tema, acredito que essa sintonia nossa fez com que essa musica fosse realizada nesse momento e com esse tema”.

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