‘Uma forma de nos exterminarem é acabar com aquilo que a gente produz’, diz Bianca Santana

Foto destaque por Ravi Santana/Carta Capital

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“A escrita das mulheres negras, ou a nossa fala, a nossa produção artística… Ela não é hegemônica. Então é muito difícil acontecer uma revisão no sentido de pararem de não nos considerar como autoras, porque a gente nunca foi considerada como produtora de saber e conhecimento”, diz Bianca Santana, organizadora de Vozes Insurgentes de Mulheres Negras, livro que reúne textos de 24 autoras negras.

Em entrevista ao canal da revista Carta Capital no YouTube, Bianca Santana, Cidinha da Silva e Nilma Bentes explicam a necessidade da luta por um revisionismo histórico que inclua as produções das mulheres negras.

“Quando a gente olha para a análise política e social do Brasil… Cadê o nosso ponto de vista? O ponto de vista dessas mulheres está nos cursos de sociologia e ciência política?”, questiona Santana.

A organizadora cita antropóloga Lélia Gonzalez e afirma que as mulheres negras também produzem conhecimento científico.

“Uma forma de nos exterminarem é acabar com aquilo que a gente produz, seja no silenciamento, pela invisibilidade, seja pelo descrédito”, diz Bianca Santana. A autora relembra que já disseram recentemente que Carolina de Jesus não fazia literatura.

Cidinha da Silva, autora do texto “O Rap das Meninas”, fala da luta organizada das pessoas negras contra o racismo e a discriminação. “Isso faz parte da nossa agenda”, conclui.

De acordo com Nilma Bentes, que escreveu o artigo “Brasil-Durba-Brasil: um marco na luta contra o racismo”, as mulheres negras conseguiram ser protagonistas de alguma forma, apesar da atuação da esquerda, que não é tão aliada, porque tem outras disputas e metodologias.

Genocídio da juventude negra e outros problemas

“Mesmo nos governos que a gente defende, a gente viveu bons momentos pra população negra […] Aconteceram conquistas importantíssimas, avanços importantes, mas o extermínio dos jovens negros aumentou nos nossos governos. Não foram demarcadas terras quilombolas e indígenas suficientemente, pelo contrário, isso foi uma luta nos últimos anos de governo Dilma. Não foi bom pra gente,a população carcerária explodiu nos governos Lula e Dilma. Esse debate não foi feito com a seriedade que deveria”, diz Bianca Santana, que ainda afirma que os governos do PT foram o melhor que a população negra teve, mas graças ao embate do movimento negro.

Confira a íntegra da entrevista no vídeo abaixo

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