Sistema prisional feminino foi denunciado nas primeiras músicas de Dina Di (Visão de Rua)

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Capa do primeiro disco do Visão de Rua

Segundo a Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (Dapp/FGV), entre 2000 e 2016, a população carcerária feminina aumentou 567%. De acordo com o site da EBC, o Brasil tem uma das maiores populações carcerárias femininas do mundo, e as prisões relacionadas ao tráfico de drogas correspondem à maior parte delas.

Em 2016, a reportagem ‘Ser mulher em um sistema prisional feito por e para homens’, de André Caramante, aborda a desigualdade que o machismo perpetua do outro lado das grades.

Para Bruna Angotti, advogada e coordenadora do Núcleo de Pesquisas do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, a mulher detida é vulnerabilizada desde o momento do flagrante até a condenação definitiva. “Para elas, a tensão sexual é um adicional, está sempre presente no ar. No limite, o estupro é sempre uma ameaça.”

Dina Di
O sistema prisional feminino foi tema dos primeiros raps de Dina Di, ainda com o grupo Visão de Rua. A rapper, falecida em 2010, relatou parte da vida das presidiárias dentro e fora dos presídios. “Confidências de uma Presidiária” e “Irmã de Cela” são músicas que representam o rap dos anos 1990, época com produções e letras inspiradas no gangsta rap dos EUA, mas com a consciência social dos artistas brasileiros.

“Eu vou invadir sua mente / que nessa altura está confusa fraca e inconsciente / Irmã de cela / baseada na realidade do nosso sistema carcerário / podre e digno de pena”, anuncia Dina Di em “Irmã de Cela”. Em meio ao rap feito majoritariamente por homens, Dina Di trouxe a vivência e a luta das mulheres periféricas para o debate.

Publicado originalmente em 29 de junho de 2016

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