Em 22 de setembro de 1992, a dupla Showbiz & A.G lançava seu primeiro álbum, “Runaway Slave“. Não é um disco de grandes sucessos, era underground na época e continua sendo até hoje. A dupla do Bronx sempre fez Rap puro. Suas músicas nunca foram diluídas para agradar vontades comerciais – usando um termo de quem entende de Rap – sempre foram pesados e sujos.
Eles fazem parte da D.I.T.C. Quem conhece sabe bem que se trata de umas das crews mais respeitadas do Rap de Nova York. Fazem ou já fizeram parte dela Fat Joe, Lord Finesse, Diamond D*, Big L, Buckwild, O.C, entre outros menos conhecidos. No mesmo ano, em março, a dupla lançou um EP ou para alguns um single, intitulado ‘Soul clap’, com 8 faixas entre instrumentais e versões.
‘Runaway Slave’ tem participações da maioria dos integrantes da Crew e foi nessa obra, na música “Represent”, que Big L apareceu pela primeira vez em uma gravação oficial. Ele foi uma aposta de Lord Finesse, assim como Show & A.G, que apareceram em 1990 no primeiro álbum de Finesse, o ‘Funky Technician’. A produção foi toda assinada por Showbiz e Diamond D e conta com as participações de Dres (Black Sheep), DJ Kid Capri, Freddie Foxxx e D’Shaw.
Ouça ‘Runaway Slave’
Na mesma data, outro grande nome do Rap também fazia a sua estreia, Redman., com o disco “Whut? Thee Album“. Esse também é underground, mas devido as suas conexões e parcerias acabou ficando muito mais conhecido. Ele foi uma descoberta, uma aposta e apadrinhado por Erick Sermon, do EPMD, grupo que, de certa forma, por um tempo ele fez parte. Inclusive, pelo menos na cópia que eu tenho em vinil (veja foto ao lado), está registrado na capa – “Redman do EPMD HIT SQUAD Family” – Hit Squad foi o primeiro nome da Def Squad.
Em dezembro de 1990 ele já havia feito sua estreia oficial no álbum “Business as Usual” do EPMD, ele participou das músicas “Brothers on my jock” e “Hardcore”. Essa última música ele incluiu em seu disco, mas apenas com a sua parte. Erick Sermon e o próprio Redman assinaram toda a produção, apenas uma faixa teve a produção de Pete Rock junto com Reggie Noble, nome de batismo do “homem vermelho”, foi a “How to roll a blunt”.
São 21 faixas, músicas curtas, vinhetas, interlúdios, uma ótima estreia para um dos MCs mais extrovertidos do Rap mundial. Diferente do álbum de estreia dos seus “irmãos gêmeos de Rap”, o disco foi um sucesso. Menos de um ano depois já tinha vendido mais de 500 mil cópias. Claro que o fato de ter como padrinho um MC e produtor, que já era uma referência no Rap, ajudou muito. Mas o seu estilo, o flow, as letras e os temas cantados também fizeram a diferença. A irreverência nas rimas não era algo comum no Rap. E ao mesmo tempo, ele era um MC e também DJ do underground, as ruas o conheciam, além de discotecar, ele também participava de rodas e batalhas de freestyle. As únicas participações são do próprio Erick Sermon e Charlie Marotta na música “Watch yo nuggets” e DJ Scratch na “So ruff”. Suas influências são nítidas: musicalmente é Funk e o humor é Biz Markie. Desse álbum saíram três singles – “Blow your mind”, “Time 4 sum aksion” e “Tonight’s da night”.
Uma outra característica que prova que esse disco é um clássico, é a quantidade de colagens que foram tiradas de algumas faixas e usadas em Raps dos mais variados. Não é um álbum que figure em nenhuma lista de 10 mais de todos os tempos, mas na carreira dele está entre os melhores, ao lado do ‘Muddy Waters’ (1996). Esses dias Redman lançou uma música bem séria, talvez a mais séria da sua carreira, mas a sua essência está nesse álbum.
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