Conheça Clz Beats, Dj e produtor musical diretamente de Salvador

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Felipe Calasans, 22 anos de idade e uma, ainda, curta carreira dentro da produção musical, mas que já renderam bons frutos. Originário de Ilhéus – Bahia, filho de pai agricultor e mãe trabalhadeira. Algumas pessoas na cena do Rap conhecem pelo vulgo “Clz Beatz”, que veio através do seu sobrenome “Calasans”. O mesmo, pegou as letras que mais se destacavam pra compor a sigla e substituiu o “s” pelo “z”, porque achou que ficava melhor na hora da pronuncia. Além de produzir instrumental de rap, tem um projeto paralelo no gênero “Trance” que batizou de “Punch Frequency”. 
BF: Qual sua visão do Rapba em relação aos profissionais dessa área de produtor musical e Dj? A visibilidade, o trabalho deles que estão saindo…
CLZ: Sobre produção musical, aqui em Salvador, na cena do Rap, observando com uma ótica mais amadurecida e profissional, acredito que ainda estamos vivendo uma época de descobertas e de identificação com o que estamos fazendo. Tem muita gente com potencial em ativo para produzir coisa boa, mas somos carentes no quesito “acesso a conteúdos” que façam nosso conhecimento técnico crescer de maneira eficaz e aplicável. Na internet há um fluxo de informações gigantescas, porém, pouco orientadas ou em inglês e, isso, pra quem está começando, pode se tornar um grande empecilho, pois, a pessoa se sente numa mar cheio de peixes mas sem saber pra qual lado jogar a rede. É preciso entender que as coisas funcionam de maneira processual e, não da pra aprender tudo ao mesmo tempo. É preciso de estratégias para progredir! Quando a gente, aqui de Salvador, passar a sentar a bunda na cadeira pra estudar o que está a ser feito, aí sim, teremos músicas com maior qualidade, mesmo não tendo os melhores equipamentos do mercado.
Uma das maiores referências, pra mim, aqui em Salcity, quando se trata de produção de Rap, é o Estúdio Terror da Leste, do meu brother “Everton Estrela”, mais conhecido como “Daka” ou “King Daka”. Já produzi um “EP” e outros trabalhos paralelos, com ele. O cara é mestre, manja muito, tem bagagem e experiência. Pra mim, ter tido essa oportunidade de está num lugar daquele, produzindo com um cara que já estava há muito mais tempo que eu na ativa, só serviu pra mostrar o quanto eu ainda tenho que aprender. E acredite, nessa caminhada não existe “topo”. A busca é eterna!
Recentemente, tenho produzido alguns trabalhos de beatmaker que me deixaram muito feliz, que foi ter lançado um som junto com o Coletivo “UscaraTudo”, na faixa “Flow, Refrão e Caco (Cruz | 1F | Mavambo)”. Quem quiser dá um saque nesse som e curti um beat pesado com um flow seguro, só jogar no youtube. Além dos trampos com esse Coletivo, tenho trabalhos com vários outros artistas, por exemplo: DoisAs (Rato Nato), Jhomp (Nóis Por Nóis), Mano Link, Pivete Nobre (Saca Só), também produzi o beat daquela faixa do Coletivo Roupa Suja, que se chama 40MILPROBLEMAS (40kprblms), inclusive, tem sons com instrumentais meus que tocam por aí que nunca foram lançados na internet, tipo um que, inclusive, nem sei o nome, ou talvez essa track nem tenha um nome ainda, mas ela foi composta por Tom VX, Pedro Raz, Salvi e Lobo Sennk. O som é bate cabeça, beat pra frente, letra pra frente… só curtindo ao vivo pra saber.
Sem contar que, abri um canal no youtube pra postar beats free e disponibilizar pra qualquer um quiser soltar um som. Encontrei nisso uma maneira de divulgar meu trabalho e, ao mesmo tempo, fazer movimentar a cena, contribuindo de alguma maneira.
O bom do Rap daqui de Salvador, é que ele tem um ranço forte, até pelo estilo de vida que os Mcs tem, e um apelo muito grande pra o groove. A gente gosta é da caixa batendo forte junto com o kick e os boombapão 4/4 com um baixo gordo. É barril, vei!
Tenho gostado bastante dos sons que tem saído daqui. Fazemos um esforço do caralho pra poder botar uma faixa na pista. É aqueles 50$ do beat + 50$ da mixagem e masterização que são tirados da carteira, de forma muito difícil, mas com um olhar de que a parada vai dá certo. A gente faz música aos trancos e barrancos e não fazemos “mimimi.” Eu não quero uma mix/master impecável se a parada não vem de dentro.
Sendo Dj, tem menos tempo ainda que decidi praticar a arte da mixagem. Sim! Eu encaro como uma arte… transmitir sensações em constância não é pra todo mundo. Tem que ter sensibilidade e visão de pista. A pessoa que decide ser Dj, assume uma grande responsabilidade, a festa depende dele. Não foi sempre que eu admirei e entendi essa profissão. Primeiro comecei a produzir, mais por instinto e curiosidade, depois de um tempo que enxerguei a possibilidade de mixar, também, começando a ser “DJ de youtube”, hahahah. Eu abria uma aba e lançava uma música, depois abria outra e tentava sincronizar… não era toda vez que dava certo, existe uma latência entre a hora de aperta o botão até a hora do som ser reproduzido, mas, eu aproveitava as partes que mais cabiam entrar outra faixa, e fazia dessa forma (ainda faço) rs. Agora tenho muitas ambições, assim como vejo meus poucos amigos Djs da cena do rap e do trance se desenvolvendo e tocando cada vez mais, aprimorando suas técnicas, treinando… isso me motiva bastante e, sei que terei um bom futuro dentro da música. Uma das pessoas que me ajudou, logo de cara, foi Felipe Mendes (Felipeta Mendes) mais conhecido, atualmente, pelo projeto “Black Sheep.” O cara manda muito bem e foi super humilde em tentar me transmitir algum conhecimento, sem cobrar nada, enxergando na gente um futuro potencial dentro da cena dos Djs e Produtores.
Tudo pra mim ainda é muito novo, às coisas vêm chegando, as informações vão fluindo… cada dia aprendo uma coisa nova, o tempo passa e eu vou fazendo questão de absorver, cada vez mais, novos conhecimentos. É como se houvesse uma eterna fissura em querer saber mais, na verdade, sou viciado no que faço, mesmo tendo pouco acesso a bons equipamentos e, mesmo não tendo nada a meu favor, eu tenho amado fazer isso.
BF: Falando como pessoa e não profissional, como você vê esses profissionais daqui a 5 anos?
CLZ: É sempre complicado falar do futuro. Essa carreia, pode parecer que não, mas é muito instável. A arte em si, é o desequilíbrio. Eu, por exemplo, tenho vários e vários picos de criação mas, também, passo semanas sem conseguir combinar um “kick” com uma “clap.” É foda, a pessoa tem que estudar todos os dias e nunca, mas nunca, mesmo, achar que está no topo… porque, velho, se pensar dessa forma, vai sempre ficar na mesma. Eu sei que tem uma galera que vai ter que meter o pé disso tudo, existe uma galera extremamente soberba do que tem feito e, não vai acompanhar o fluxo que a cena tem, porém, já percebo um outro tanto super empenhado, criativo, produtivo e cheio de vontade de crescer. Eu enxergo por um ângulo muito dual… esse pessoal todo envolvido, daqui a 5 anos, pode está frustrado, feliz, infeliz, estagnado ou super em alta. O que vai medir isso é o quanto a pessoa pode fazer pelo que quer. A gente só traz uma percepção geral de acordo os comportamentos de agora.
BF: E onde você quer estar daqui a 5 anos?
CLZ: Eu quero está com meu som em alta, influenciando pessoas, formando conceitos, criando minha identidade dentro do campo que decidi empenhar minhas energias. Daqui a 5 anos, eu quero está ganhando dinheiro com isso, sustentando a minha vida e a da minha coroa (que precisa muito de mim) com a grana das minhas produções e das minhas apresentações como Dj. Quero ser dono de eventos e produzir muito! Daqui a 5 anos, eu quero que as pessoas olhem pra mim e agradeçam pelo que fiz, pela sensação que foi transmitida, pela forma com que a minha música vai tocar a alma delas. É nisso que tenho me empenhado.
BF: Ao olhar de fora, os mcs lucram muito mais que as outras vertentes, além da visibilidade maior que eles tem. Como você vê e lida com isso?
CLZO “apogeu” dentro da cultura hiphop, hoje em dia, são os Mcs. Na maioria dos tipos de músicas “cantadas”, quem leva os créditos maiores são os que passa a mensagem por letra… a gente também não tem um ouvido tão apurado pra se importar com coisas do tipo “quais elementos esse cara usou pra produziu o beat” etc. O rap sempre se deu bem com a voz, mesmo tendo como origem, os Djs. Acho que está longe de termos uma valor maior ligado aos beatmakers ou produtores. O público não quer saber tanto sobre os bastidores por causa da cultura de adoração ao Mc. Nos ligamos mais com a figura do cara que está no palco, e que, todos os elementos da composição da obra se resumem a ele, ou ao grupo. Eu lido com isso da melhor forma possível. Sei que meu trabalho é legal (apesar de sempre está em aprendizado), sei que meu público alvo, como beatmaker, são os Mcs, e alguns que se preocupam com a qualidade sonora, ou os que estão começando a produzir tb.
Vocês encontram o trabalho de CLZ BEATS nas redes abaixo:
Sound: soundcloud.com/clzbeatz

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