Especial | O hip hop encontra os Guarani MBya

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Sharylaine, James Lino, TodyOne, Mara Santana, Bea Araújo, Aline Anaya, Isac Andrade, Mônica Cavalcanti, Daísy de Jesus Silva (Izi), José Henrique Soares e os Guarani MBya.

POR JAMES LINO*

Tudo começou num evento chamado Jornada do Patrimônio Histórico, na Aldeia Tenondé Porã, no início do terceiro trimestre de 2016. James Lino se atrasa para pegar a van e tem de ir sozinho para a Aldeia, para conhecer e entregar as antologias “Às Margens do Ipiranga!” Feito isto, James fala com Jera, liderança dos índios Guarani MBya, e combinam de criar uma vivência entre integrantes do hip hop e a dupla de rap composta por Negão do Rap e Robert num futuro próximo.

Menos de dois meses depois na Felizs (Feira Literária da Zona Sul), James Lino e Jera se encontram novamente e reafirmam o interesse em produzir essa vivência. E tudo vai tomando forma aos poucos. Cria-se então um grupo no Whatsapp. Ligações, conversas e por fim um evento privado no Facebook. Muita mobilização, a articulação ganha músculo e mais pessoas chegam. Outras devido a diversas questões saem. Tudo dentro da normalidade para um mês agitado, como sempre é novembro para a população negra e para o hip hop.

Uma nova jornada se inicia. Sharylaine, Todyone, Coletiva Audácia, entre outrxs, saem de suas casas num domingo chuvoso e vão rumo a Barragem. No Terminal Bandeira – centro de São Paulo – o primeiro encontro já dava o sinal que Deus/Oxalá/Nhanderu aprovavam aquele esforço. No terminal, James Lino vai de encontro a Isi (seguindo as descrições passadas por Tody via “Zap Zap“). Quando ouve uma voz chamá-lo, era Sharylaine e seu primo, historiador carioca. Se tivessem combinado alguém se atrasaria, disse James Lino, feliz por esse encontro. Na sequência, Tody chega, Sharylaine diz ter um caminho melhor apresentado por James Lino, que buscou no Mapa (app). Todos aceitam, o ônibus chega, todos embarcam e quando James Lino entra por último o cobrador aponta e diz “– O som é P3!”. Que legal! O cobrador se propõe a nos ajudar a chegar direitinho no local, e assim faz. Num ponto da viagem ele vai até o grupo, chama James e diz que o ônibus da frente era o próximo que teriam que pegar e diz que vai avisar para o motorista dar um toque no colega, para ele aguardar a gente embarcar. Feito isso, agradecemos, ganhamos tempo e tivemos mais um sinal que tudo correria bem. Que havia proteção…

A carona em meio a lama e barro

Em Parelheiros uma pausa para um café e a manas da Coletiva Audácia chegam felizes para a vivência e seguem conosco rumo a Aldeia. Lá chegando, encontramos lama, barro, poças… Mas nada impediria o grupo de avançar. Num ponto específico um dizer é deixado numa placa por Tody, pois ainda faltava Isac pra chegar com sua companheira… Trezentos metros à frente, um trator passa com dois homens gentis e uma carona é pedida. Bingo! Ganhamos um quilômetro e meio a menos na lama. Ufa! (foto acima)

Todyone e um dos graffitis
James Lino troca uma ideia próximo ao fogão a lenha

Chegamos e uns oito cães nos recebem latindo. Gritos os fazem parar aos poucos e entramos… Após uma roda de apresentação, notamos que Jera não se encontrava e mesmo assim ficamos muito a vontade e felizes pela recepção. Tomamos café, chá de gengibre, conversamos muito e fomos para a Casa de Reza. Um tempo depois chega Isac e sua companheira e ao mesmo tempo somos chamados para o almoço. Descemos e iniciamos as atividades de graffiti com Todyone, enquanto todos faziam seus pratos com a maravilhosa refeição feita na lenha. Após comermos muito bem, o graffiti reinou e reuniu quase todxs e foi uma alegria só. Depois do término dos graffitis fomos para o rap prestigiar a dupla e já fizemos o convite para se apresentarem no Sarau Verso em Versos, o que foi aceito de pronto pela dupla.

Fotos registraram esses momentos incríveis, onde o afeto, o respeito e a arte imperaram supremas.

Curadora: Jera.
Organização: Aline e Grupo Rap Guarani.
Produção: Grupo Rap Guarani, Sharylaine, James Lino, Tody One, Mara Santana, Bea Araújo, Aline Anaya, Isac Andrade, Mônica Cavalcanti, Daísy de Jesus Silva (Izi) e José Henrique Soares.

*James Nogueira a.k.a James Lino
é paulistano, 
filho do hip hop desde 1987.
MC desde 1990, quando começou a rabiscar
suas primeiras letras, é membro do grupo
Potencial 3 desde 1997.

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