Brisa Flow: vida, carreira, transcendência e álbum novo

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Foto: acervo pessoal/Em entrevista ao Bocada Forte, a MC conta sobre o álbum novo e otras cositas más.

Brisa Flow: uma artista em construção sempre.

Assim se define a belo-horizontina Brisa de La Cordillera. A MC de 31 anos é filha de chilenos que fugiram da ditadura e buscaram refúgio em Minas Gerais. Brisa viveu sua infância e adolescência em BH e em 2012 foi pra São Paulo fazer o corre pelos seus sonhos.

Sua voz suave faz jus ao nome. Ascendendo cada dia mais na cena, seus versos ácidos deixam claro sua visão de mundo, sua verdade, seu corre. Em entrevista ao Bocada Forte, a MC conta sobre o álbum novo, sua participação no álbum de Monna Brutal, entre otras cositas más.

Ousada e transparente, a faixa “Raia o Sol” evidencia sua bissexualidade. Brisa conta que estava esquecendo um cara e apaixonada por uma mina. O som foi feito no Estúdio Sala Verde, com o instrumental de Pedro Drôga.

“Escrevi e gravei no mesmo dia. A maioria das pessoas com quem me relacionei quiseram me forçar a optar por gostar só de homem ou mulher. Sinto que essa música me representa. A repercussão dentro do rap não foi muito boa. Muito cara veio me falar que curtia meu som, mas nada a ver aquela música. Mas entre as minas bi foi legal e é isso que importa (sic)” desabafa.

A artista sempre deixou registrada sua indignação com a desigualdade no país. Para ela, o momento político triste do Brasil não pode ser motivo para o hip-hop estacionar.

“Precisamos multiplicar informação. Segue o baile, segue o som, segue a ideia também. Precisamos ficar juntos e vivos, não podemos estacionar. Que o medo não paralise o movimento” afirma.

Brisa participou do álbum de estreia da Monna Brutal, “9/11”, na faixa “Dollar” e incia seu verso fazendo críticas ao conceito de “sororidade”. A MC explica que não viu sororidade acontecer com amigas brancas que falaram que estavam com ela.

Quando passei uns B.O. elas sumiram. Nunca nem foram na minha casa só porque eu moro na quebrada. É também sobre uma mina que falava sobre sororidade e se dizia minha amiga, mas foi uma traíra comigo e foi lá passar pano pra macho escroto. Enfim, gravar com a Monna foi uma realização. Era um desejo antigo. Conheci ela num dia que a gente tava no mesmo palco de uma Virada Cultural. Virando a madrugada junta de um show pra outro, mostrei “As de Cem” pra ela. Nos tornamos amigas aquele dia. E várias águas rolaram. Fazer parte do disco dela foi uma honra, um presente” conta.

Na última sexta (7), a belo-horizontina lançou mais um trampo. A ordem agora é ficar viva. Afeto e amor próprio são e serão cada vez mais a resistência. Transcendental, o álbum leva o nome “Selvagem Como o Vento” e conta com 11 faixas, cada uma com uma particularidade, no flow, no beat, na letra.

Esse disco é dessa fase que tô querendo entender cada vez mais de produção pra conseguir expressar melhor o que eu sinto. Selvagem porque não pode ser domesticado. E como o vento porque por onde passa leva elementos sem deixar de ser ele em essência. Tem muitos sons que toquei instrumentos e fiz letras inspiradas em momentos que vivi e relacionei com artes, performances e espetáculos de outros artistas que conheci neste ano” explica.

Sua brisa é única, precisa. A MC prova, mais uma vez, que a arte a libertou de muitas amarras e a fez querer passar essa mensagem para outras pessoas também. É, deu certo.

Dá o play no trampo novo:

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